Foi dado mais um passo para a descoberta da cura para a leucemia. Uma equipa de investigadores do Instituto Português de Oncologia (IPO) descobriu um novo gene que poderá antecipar a cura para a leucemia mielóide – um primeiro passo que poderá representar o fim da quimioterapia.

A descoberta permite “um diagnóstico mais preciso” e antecipado da doença, explicou ao JPN o coordenador da investigação e director do Departamento de Genética do IPO do Porto, Manuel Teixeira.

“O primeiro passo para ter uma terapia dirigida a cada neoplasia, a cada cancro, é exactamente compreender a base molecular que está subjacente à doença. Isto permite avaliar o subtipo de leucemia e permite também avaliar melhor a resposta [dos doentes] ao tratamento”, diz o investigador.

O coordenador do projecto refere ainda que a investigação veio trazer uma nova possibilidade: a partir de agora será possível detectar eventuais recaídas dos doentes, mesmo quando não apresentam sintomas. “Nós conseguimos saber se há 10 células no meio de um milhão que têm esta alteração e, quando isso acontece, permite aos médicos actuar mais cedo, iniciar a terapia mesmo que o doente não tenha nenhum sintoma, nenhuma evidência da doença”, pormenorizou.

Neste momento, já é utilizado o processo de quantificação do número de células com alterações genéticas para medir o nível residual da doença. Mas a investigação vai continuar e o próximo passo será “compreender melhor a função do novo gene, a septina 2”, o que poderá permitir o desenvolvimento de “novas terapias dirigidas a esta alteração molecular e não apenas usar quimioterapia, que afecta todas as células do corpo”.

Rita Pinheiro Braga
Foto: SXC