O Governo de Timor-Leste vai pedir ajuda militar internacional “urgente”, na sequência de um novo ataque liderado pelo major Alfredo Reinado ao quartel-general das Forças Armadas timorenses.

O presidente da República de Timor-Leste, Xanana Gusmão, anunciou hoje, quarta-feira, que as autoridades timorenses vão solicitar às Nações Unidas o envio de uma força internacional para estabilizar a situação no país.

Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Ramos Horta, o pedido de apoio militar internacional vai ser feito ainda hoje, durante um encontro em que participam o Presidente da República, Xanana Gusmão, e o presidente do Parlamento, Francisco Guterres.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros afirmou que o Governo português vai responder “a curtíssimo prazo” ao pedido de envio de GNR feito a Portugal por “todos os órgãos de soberania” de Timor-Leste.

Aumento da insegurança

O ataque desta manhã ao quartel-general das Forças Armadas acontece menos de 24 horas depois dos confrontos entre efectivos do exército timorense e um grupo de homens armados sob as ordens do major Alfredo Reinado, que na madrugada de ontem fizeram pelo menos três mortos a 10 quilómetros do centro de Díli.

Entre os cinquenta rebeldes do ataque de hoje, quarta-feira, figuram ex-militares, civis armados e efectivos da polícia, disse fonte militar à Agência Lusa. Segundo a mesma fonte, o comandante operacional da policia timorense, Ismael Babo, está entre os rebeldes e participou com o major Reinado no ataque.

O balanço total dos confrontos de ontem é de três mortos e nove feridos. Em causa esteve a tentativa de instalar um posto de controlo do exército em Bécora, à qual os homens comandados pelo major Reinado responderam com tiros.

Portugal mantém restrição à circulação na área dos confrontos

A embaixada de Portugal mantém o conselho de restrição à circulação dos cidadãos portugueses ao mínimo indispensável, disse hoje à Agência Lusa fonte do Consulado de Portugal em Timor-Leste.

Apesar de nenhum cidadão português ter sido envolvido directamente nos confrontos de ontem ou no ataque de hoje, a embaixada portuguesa em Timor-Leste aconselha os cidadãos a restringirem a circulação nas áreas onde se registaram os incidentes.

Os EUA já ordenaram a retirada de funcionários e familiares da capital de Timor. Também a Austrália iniciou o processo de retirada de todo o pessoal não essencial no território, na sequência do agravamento dos conflitos em Díli. Segundo o consul australiano em Timor-Leste, Barry Brown, a embaixada está a recomendar “vivamente” o abandono de todos os cidadãos australianos do país.

Inês Castanheira