Luis Filipe Menezes visitou a Feira do Livro a convite da APEL (Associação Portuguesa de Editores e Livreiros) e falou aos jornalistas sobre as informações que davam conta que o presidente da Câmara de Gaia pretendia transferir o certame para o outro lado do Rio Douro.

Menezes afirmou que a notícia avançada hoje pelo “Jornal de Notícias” não tem fundamento da forma como foi escrita. “As coisas não se colocam dessa maneira. Não é uma questão de tirar nada a ninguém. Falam como se fosse um mafioso que anda a roubar coisas. Isto não pode ser visto como uma disputa entre as duas câmaras,” afirmou.

No entanto, o autarca deixou em aberto a possibilidade de incorporar “esta ou outra Feira do Livro”, com duração de “20 ou 30 dias”, num grande espaço de cultura na cidade de Gaia, com carácter permanente e que já foi idealizado. Ao que tudo indica, a primeira ideia de Menezes passa por um espaço policultural e artístico nos pavilhões das caves do Vinho do Porto, no centro histórico de Gaia, que se encontra em fase de reabilitação.

“A Feira do Livro deveria dar um salto qualitativo e os poderes públicos deveriam ser os catalisadores desse salto. A Feira do Livro não ficaria diminuída por estar na margem esquerda do Porto”, comentou.

O presidente da Câmara de Gaia mostrou-se disponível para ajudar a APEL, mas não com subsídios. “Subsídios não. Não é essa a nossa maneira de fazer as coisas. Podemos financiar 10 ou 20 vezes mais se for dentro da perspectiva que temos. A Câmara de Gaia está disponível para analisar as coisas se forem pensadas assim”, rematou.

Luis Filipe Menezes revelou ainda estar em condições de apresentar uma proposta no espaço de uma semana, se tal fosse necessário.

APEL dependente da opinião dos associados

O vice-presidente da APEL, Francisco Madruga, escusou-se a comentários sobre a possibilidade da Feira do Livro ser transferida para Gaia, pois “a associação não pode decidir nada sem consultar os seus associados”. No entanto, deixou claro que a Feira do Livro enfrenta problemas com a Câmara do Porto que a APEL deseja ver resolvidos.

“O espaço é limitado. Apresentamos queixa ao senhor presidente da Câmara do Porto e fomos surpreendidos pelo corte de um subsídio”, confessou.

Para Madruga, a Feira do Livro tem prestado “um bom serviço cultural à cidade e à região” e a APEL está “disponível para analisar qualquer solução que permita à feira dar o salto”.

“A APEL mantém de pé o desafio de fazer a Feira do Livro dar o salto. Se é com a Câmara do Porto ou com a de Gaia, isso não interessa”, reiterou.

A associação de editores e livreiros tem agendada uma reunião com a Câmara do Porto no final da Feira do Livro para debater soluções para o certame.

Texto e foto: David Pinto