Abuso físico entre jovens casais universitários é cada vez mais frequente. Rapazes e raparigas são igualmente vítimas e agressores.

Os estudos publicados sobre a temática “violência no namoro” datam de 2003 e 2004, mas são representativos da realidade actual. Cerca de 16% dos jovens universitários com relações amorosas admitiram ter sido vítimas de um acto abusivo e 22% admitiram ter adoptado esse acto sobre o parceiro.

O tipo de violência mais frequente é a chamada “violência menor” (um empurrão, uma bofetada), enquanto que a violência física mais grave é a menos frequente (4%).

Dos inquéritos realizados para estes estudos conclui-se que não há diferenças de géneros, ou seja os rapazes e as raparigas são igualmente vítimas e agressores. Mas enquanto que os rapazes são violentos por causa do ciúme, do amor e das “provocações” femininas, as raparigas são-no por causa do ciúme, do amor e da intimidação dos namorados.

As vítimas normalmente não pedem ajuda às instituições de apoio e só 9% recorre aos tribunais. Quando pedem ajuda, preferem os amigos (67%) e as mães (17%).

Estes dados constam do “Violência no Namoro: Prevalências e Intervenção em Portugal”, da autoria de Carla Machado, investigadora do Instituto de Educação e Psicologia da Universidade do Minho (UM). A amostra foi constituída por 500 estudantes da UM, seleccionados aleatoriamente entre os cursos que têm mais representação de mulheres e de homens.

O estudo está agora a ser alargado a nível nacional, em outras universidades públicas, escolas secundárias e escolas profissionais, no âmbito da tese de doutoramento de uma professora da U.M. Apesar de ainda não estar concluído, mostra já uma taxa de 20% de casos de violência entre jovens casais universitários do Porto.

Para evitar comportamentos violentos, “precisamos disponibilizar nas escolas (que é onde estão os jovens) informação sobre estas matérias e sobre locais para onde se possam dirigir, porque não há serviços especializados para jovens”, disse Carla Machado ao JPN. “Era fundamental falar destes temas e disponibilizar informação sobre esta matéria para estas pessoas poderem pedir ajuda”, conclui.

Ana Sofia Coelho