Depois de terem sido deixados de fora do artigo 13º da Constituição na revisão constitucional de 2004, os transgéneros foram recentemente alvo de atenção pelas piores razões.

A violenta morte de Gisberta no Porto foi o motivo para a chamada de atenção da opinião pública para a situação da comunidade trangénero portuguesa. De acordo com um estudo da associação Abraço e da ILGA-Portugal, 56% dos transgéneros portugueses são trabalhadores do sexo e 70% não recebem nada da Segurança Social.

Fernando Mariano, das Panteras Rosa, afirma que “antes de aparecer a Gisberta ninguém falava dos Ts” e considera que dentro do LGBT, o “t é escrito com minúscula”. Para Jó Bernardo (na foto), dirigente da @t, “havia e continua a haver uma falta de sensibilidade sobretudo destes movimentos que enquanto movimentos minoritários deveriam dar alguma atenção a uma minoria que ainda mais discriminada”. Para Jó Bernardo, “o problema social da maior parte dos Transgéneros é de tal forma grave que a principal prioridade é a da sobrevivência”.

De acordo com o “site” da rede ex aequo, “‘Transgenderismo’ é a ruptura com os papéis de género tradicionais”. “Existem vários tipos de transgenderismo, sendo mais fácil dividi-los em duas categorias: as situações em que as pessoas consideram a existência apenas dos dois papéis tradicionais [homem e mulher], independentemente de terem efectuado todo o procedimento clínico com vista a se aproximarem fisicamente ao sexo com que se identificam psicologicamente, e as situações em que consideram ‘homem’ e ‘mulher’ apenas mais dois entre muitos géneros”, está referido no “site”.

Existem depois os transexuais primários e secundários. Os primários sentem que devem “corrigir o erro”, mudando de sexo fisicamente, seja de homem para mulher ou o contrário. Os secundários “não desejam trocar definitivamente de corpo (muitas nem sequer desejam uma troca temporária), vivendo felizes e contentes se puderem ir vivendo os papéis de homem e de mulher alternadamente”.

O que é o género?

“Embora ainda existam teorias que defendem que ‘género’ é sinónimo de ‘sexo’ há escolas filosóficas que defendem uma distinção entre os termos. Afinal, nem todas as mulheres, por exemplo, se comportam da mesma maneira: não usam todas a mesma linguagem, os mesmos interesses, as mesmas capacidades, a mesma simpatia, a mesma agressividade, o mesmo romantismo. E é por isso que muita gente usa o termo ‘género’ como sinónimo de qualquer coisa como ‘papel social’ ou um ‘tipo de pessoa’. O género é assim uma coisa bastante independente do corpo de cada um(a)'”, vem ainda referido no “site” da rede ex aequo.