Dirigentes associativos do movimento LGBT reconhecem presença de militantes nas associações, mas não acreditam em partidarização.
Uma das ideias associadas ao movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgéneros) é que está apoiado em partidos. De acordo com alguns dirigentes de várias associações pertencentes ao movimento, esta ideia está completamente errada.
Das oito pessoas com quem o JPN falou, elementos de várias associações, apenas uma considera que o movimento LGBT está demasiado partidarizado e que é daí que advêm as suas divisões. Para o presidente da Opus Gay, António Serzedelo, a ideologia é uma das maiores razões para que exista fragmentação. Também da Opus Gay, apesar de ser membro apenas há poucos meses, Valter Filipe afirma que é necessário que as associações se unam em torno dos mesmos objectivos, deixando de lado as diferenças que possam ter, mesmo a nível ideológico.
Por outro lado, a dirigente da rede ex aequo, Rita Paulos, afirma que foi criado um “mito” da partidarização. “Creio que há pessoas que fazem parte de determinados partidos, mas em geral os organismos em si não estão partidarizados”, explica. A responsável assume que “há pessoas que de facto estão ligadas ao Bloco de Esquerda”, mas que isso não significa que haja uma partidarização do movimento.
Talvez o melhor exemplo seja o caso das Panteras Rosa. Fernando Mariano, membro da associação de acção directa, afirma que “a maior parte do pessoal das Panteras é do Bloco de Esquerda”, mas isso não significa que haja promiscuidade entre as duas organizações, até porque, o partido, sendo “institucionalizado”, não se sentiria “confortável” ao estar ligado a acções como a que as Panteras realizaram no Instituto Português do Sangue em que pintaram as paredes de vermelho, reivindicando o direito dos homossexuais a poderem dar sangue.
Da parte da ILGA-Portugal, Paulo Côrte-Real é mais sucinto em relação à questão da partidarização ao afirmar que “quem faz essas acusações não merece qualquer comentário”. O dirigente da Não Te Prives, Paulo Vieira, dá um exemplo: “eu também sou sócio do Futebol Clube do Porto e ninguém se preocupa com isso. Ninguém se preocupa com as enormes ligações que pode haver entre a agenda do Porto e a agenda da Não Te Prives”.
A dirigente do Clube Safo, Eduarda Ferreira, pensa que a partidarização “é mais conversa do que realidade”. Reconhece que possa haver ligações maiores entre certas associações e partidos, mas que “de forma alguma” isso possa significar que haja uma partidarização.