O trabalho dos efectivos das forças policiais portuguesas em Timor-Leste começou hoje, segunda-feira, num dia marcado pela continuação dos confrontos, antes mesmo que a coordenação das missões das forças internacionais de defesa e segurança estivesse definida.

Os responsáveis timorenses e as autoridades dos países com forças policiais no terreno reuniram-se hoje para discutir o método de actuação das forças internacionais que foram enviadas para Timor-Leste, em resposta ao pedido de ajuda das autoridades timorenses para controlar a instabilidade política e militar do país.

As forças internacionais deverão funcionar sob a coordenação de uma célula independente do comando militar australiano, avança a Agência Lusa, embora mantenham níveis de comunicação privilegiados.

Os 120 homens da GNR em Díli estão sob a exclusiva responsabilidade do Capitão Gonçalo Carvalho e vão actuar em coordenação com os 70 elementos das forças australianas e os cerca de 200 polícias da Malásia, sem um comando único.

Fonte da GNR disse hoje à Lusa que tudo aponta para que se crie uma estrutura em que as três forças vão actuar, que “determinaria a melhor disposição das forças no terreno, aproveitaria os recursos e as especialidades de cada força, reportando ao ministro do Interior e, posteriormente e com base nos acordos com as autoridades timorenses, ao primeiro-ministro e Presidente da República”.

Confrontos continuam

Os efectivos da corporação portuguesa iniciaram a actuação em Timor-Leste num dia marcado pela continuação da onda de violência, que afecta o país desde o início dos confrontos entre os militares peticionários e efectivos das Forças Armadas timorenses.

Em vários bairros da capital de Timor-Leste (Comoro, Campo Alor, Bebonuk e Becora) foram saqueadas e destruídas casas durante confrontos entre grupos civis rivais, que exigiram a intervenção dos militares australianos no território. Há, pelo menos, um ferido grave.

O ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, José Ramos Horta, e o embaixador português em Díli, João Ramos Pinto, encontraram-se hoje.

Ramos Horta deslocou-se hoje ainda a Gleno, no distrito de Ermera, no sudoeste de Díli, para falar com alguns dos militares rebeldes que estão contra a continuidade de Mari Alkatiri à frente do Governo tmorense, numa tentativa de resolver a crise através do diálogo.

Inês Castanheira