Foi a 5 de Junho de 1981 que os “Centers for Disease Control and Prevention” de Los Angeles, nos Estados Unidos, identificaram o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH). A ONUsida estima que haja em Portugal 32 mil pessoas infectadas por VIH, um número que no pior cenário pode afectar até 53 mil.

Os números, que constam do Relatório Global sobre a Epidemia da Sida 2006, apresentado na semana passada, baseiam-se nos dados [PDF] fornecidos pelo Centro de Vigilância Epidemiológica do Instituto Ricardo Jorge. A 31 de Dezembro do ano passado, o Centro registava 28.370 casos acumulados desde o início da infecção em Portugal.

O coordenador nacional para a Infecção VIH/Sida, Henrique Barros, afirmou ao JPN que “a doença está a diminuir nos utilizadores de drogas, a estabilizar nos homens que têm sexo com homens, a diminuir no contágio materno-infantil e a aumentar a transmissão heterossexual”.

Em 64,9% dos casos, o vírus é transmitido em relações heterossexuais, lê-se no relatório [PDF] apresentado, na semana passada, pela Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida, na reunião de alto nível sobre a infecção VIH/sida da ONU. Um valor que pode ser explicado pelo consumo de drogas que têm um “efeito desinibidor nas precauções”, diz Henrique Barros.

Portugal tem utilização “baixíssima” do preservativo

Em Portugal verifica-se, também, “uma utilização baixíssima do uso do preservativo”, comentou o coordenador nacional. No relatório português, pode ver-se uma diminuição do consumo de preservativos de 2004 para 2005. No ano passado, a fasquia ficou nos 23 milhões de unidades vendidas, contra os mais de 24.500 milhões de 2004.

Embora não haja um estudo que explique o fenómeno, Henrique Barros crê tratar-se de um problema de preço e de tabus. ” Os preservativos em Portugal são caríssimos, comparados com outros países europeus. Além disso, fala-se pouco sobre o assunto e há constangimentos e questões até de ordem religiosa”, concluiu.

A Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida está a preparar o Programa Nacional para a prevenção da infecção (2007/2010). “A visão é controlar a infecção”, através da diminuição do aparecimento de novos casos, da redução da mortalidade e do aumento da qualidade de vida das pessoas que vivem com o VIH, rematou Henrique Barros.

Carina Branco
Foto: DR