“Se o projecto de revisão do estatuto da carreira docente for adiante, será o momento mais negro para os professores”. Esta é a opinião de Adriano Teixeira Sousa, membro da Fenprof (Federação Nacional de Professores), que organizou uma série de plenários de educadores e professores, hoje, sexta-feira, em várias cidades do norte e centro do país.
O objectivo dos plenários era discutir as alternativas ao projecto do Governo de revisão do estatuto de carreira docente. O resultado final foi uma moção ao projecto que será entregue à ministra da Educação, à Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) e ao primeiro-ministro.
No Porto, estiveram reunidos cerca de 900 professores que estão indignados com as declarações da ministra da Educação feitas no fim de Maio, porque, segundo Adriano Teixeira Sousa, “dão uma imagem degradada da classe”.
O sindicalista explicou ao JPN os principais pontos de discórdia que separam professores e Governo. “Os profissionais da educação vão ser bastante penalizadas na progressão da carreira”, assinala. Teixeira de Sousa diz que com o novo projecto “os anos de trabalho anteriores à contratação não contam como tempo de carreira. Ou seja, se um professor já tiver trabalhado 15 ou 20 anos antes de ser contratado, estes anos não contam para nada”.
A avaliação do desempenho dos professores é outro dos pontos da moção da Fenprof. “Os educadores vão ser avaliados pelos resultados dos alunos, sem que seja levado em conta o contexto social que envolve a escola”, explica Teixeira Sousa. “O abandono escolar dos alunos é outro parâmetro de avaliação com o qual a Fenprof não concorda”.
Teixeira Sousa classifica a polémica da avaliação dos professores feita pelos encarregados de educação dos alunos como “uma manobra de diversão”, já que há problemas maiores no projecto. O critério da assiduidade é “uma aberração”, diz. Um “Bom” em assiduidade significa ter 97% de presenças, sendo que as faltas por morte de familiares, casamento, problemas de saúde e reuniões sindicais não são motivos de justificação.
O sindicalista classifica este regime como “excessivo e desumano”, mas salienta que a Fenprof “está disposta a dialogar”. “O projecto do Governo é inaceitável, mas não inegociável”, explica.
Para o próximo dia 14 de Junho está convocada uma greve dos professores a nível nacional. No mesmo dia, os docentes vão juntar-se para uma manifestação em frente ao Ministério da Educação.