O processo de produção baseia-se no urânio. Depois de extraída, a matéria-prima é enriquecida (a sua concentração natural é de 0,7% e eleva-se para 2% a 5%). A produção de energia resulta do processo de fissão: quando o núcleo atinge o átomo, este divide-se e liberta energia em forma de calor.

Este processo passa-se dentro do reactor nuclear blindado em aço e com a passagem de água e a libertação de calor produz-se vapor. O vapor faz com que a turbina e o alternador funcionem. Depois de passar na turbina, o vapor arrefece e vai para um condensador, transforma-se de novo em água, que é enviada para um gerador de vapor.

Para este processo funcionar é necessário que a central fique situada junto ao rio ou ao mar. Os únicos rios nacionais que têm a capacidade para suportar o funcionamento de uma central nuclear são o Douro e o Tejo. O que vem trazer mais um problema para os defensores do nuclear, porque as populações têm muitas reticências em aceitar a vizinhança de uma central. Lembre-se o exemplo da Câmara do Mogadouro que recusou a proposta de Monteiro de Barros, apesar dos benefícios financeiros que lhe traria.

O problema dos resíduos é uma das grandes reticências à alternativa nuclear. Ainda não há nenhum sistema 100% seguro no que toca ao armazenamento de resíduos nucleares. Para já, os resíduos são guardados em contentores de chumbo, junto às centrais. Mas nenhum governo pode assumir os riscos de 25 mil anos de demora para reduzir para metade o perigo dos resíduos nucleares.

Portugal faz parte da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) desde 1957. Não é a primeira vez que se fala na implementação da energia nuclear em Portugal: em 1976 uma manifestação de populares em Ferrel, Peniche, impediu a construção de uma central.

Segundo a AIEA, há 441 centrais nucleares espalhadas em todo o mundo, e 32 estão em fase de construção. Os países emergentes como a China, Índia e Japão são os que mais investem nesta alternativa, pois pretendem ser auto-suficientes em termos energéticos. O país com mais centrais nucleares são os Estados Unidos, com 103 centrais, seguindo-se a França com 59 reactores nucleares activos.

O perigo de acidentes nucleares é outros dos entraves à implantação da energia. No debate da passada sexta-feira na Universidade do Porto, Eduardo de Oliveira Fernandes reiterou a opinião dos especialistas na matéria. “A tecnologia evoluiu muito ao longo dos anos e que um acidente da dimensão de Chernobyl é quase impossível, mas há sempre um risco”, disse.

Até agora registaram-se dois acidentes nucleares: um de menor dimensão nos EUA, em Three Mile Island, em 1979, e o mais conhecido e de maior dimensão, o de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.

Catarina Abreu
Foto: SXC