“Tenho a certeza absoluta que os licenciados são a nova geração de emigrantes”. É desta forma que Diogo Soares de Albergaria resume a fuga dos jovens portugueses para outros países. Saiu do país para “conhecer outras culturas”, passou por Angola, Londres e agora está em Sidney, na Austrália. Regressar é algo que não projecta para “um futuro próximo”.

Este é um dos muitos casos de jovens que se lançam à conquista de outros mercados de trabalho, fugindo à parca oferta de emprego existente em Portugal. Diogo esteve em Angola desde os 18 anos. Depois, tirou o curso de Marketing e Gestão das Teconologias da Informação em Londres e regressou a Portugal mais tarde.

A sua estadia no país ficou-se apenas por um ano, já que foi seleccionado para fazer um estágio internacional, pelo programa InovContacto, tutelado pelo Ministério da Economia. No fim do estágio, a empresa australiana de tecnologias de informação onde trabalhou ofereceu-lhe contrato e um visto válido por quatro anos.

“São vários os motivos que levam os jovens licenciados a procurar uma experiência de formação no estrangeiro”, disse ao JPN fonte do gabinete de imprensa do InovContacto. “Novas metodologias de trabalho, de capacidades de relacionamento intercultural, aprendizagem de línguas e capacidade de superar desafios e realidades” são algumas das razões enumeradas.

Para Diogo Soares de Albergaria, “os jovens em Portugal são demasiado abafados pelas gerações mais velhas que se sentem, de alguma maneira, ameaçadas por novas vozes”.

“Emigração qualificada” substitui “emigração típica dos anos 60 e 70”

“A emigração típica dos anos 60 e 70 já não existe, tendo sido substituída recentemente pela emigração qualificada”, entende Duarte Sá, 26 anos, licenciado em Economia, pela Universidade do Minho. “Penso que esta nova vaga de emigrantes não sai do país por razões monetárias, mas pela necessidade de conhecer e de viajar. A falta de oportunidades de emprego surge apenas como mais um pretexto”, julga.

Duarte Sá está, neste momento, em Amesterdão, na Holanda. A entrada naquele país foi carimbada por outro programa de estágios internacionais da associação AIESEC. “A principal razão para sair de Portugal foi a percepção de que a minha formação não estaria completa sem uma experiência internacional que me proporcionasse contacto com outras culturas e com novos métodos de trabalho”, explica.

“Amesterdão é uma cidade muito internacional, pelo que quase todas as culturas têm aqui representação”, diz, para justificar a visão que tem agora de Portugal. “Notei a periferia de que o país padece no contexto europeu, sendo visto como pouco mais do que um exótico destino de férias”. Uma percepção acentuada pelas escassas “oportunidades de trabalho” e pelo “degradar da situação económica”.

Carina Branco
Foto: SXC