É uma tendência que se verifica desde a década de oitenta, mas que se acentuou nos últimos quatro anos. Os resultados das Estimativas da População [pdf] do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que o Porto é o concelho que mais população residente tem perdido nos últimos anos. Entre 2001 e 2005, abandonaram o Porto mais de 22 mil habitantes, enquanto Vila Nova de Gaia recebeu cerca de 15 mil.

Pode não haver uma relação directa entre os números, mas a verdade é que é cada vez maior a tendência da população para migrar para os concelhos limítrofes da área metropolitana do Porto (AMP). Se Vila Nova de Gaia foi o município que registou o maior aumento de habitantes (em números brutos), Maia surge logo a seguir com mais de 11 mil residentes. Gondomar e Valongo foram outros concelhos onde se verificou um crescimento populacional significativo (perto de seis mil). Tal como o Porto, o concelho de Espinho também viu partir população (cerca de 2 mil).

Isto poderá corresponder a uma aceleração do fenómeno de esvaziamento urbano da cidade, que vem acontecendo desde 1980, nota o jornal “Público” na edição de ontem. Em 1981 o Porto contava com cerca de 327 mil residentes, em 2005 esse número desceu para os 233 mil. Ou seja, a cidade perdeu perto de um terço da população num período relativamente curto.

É sobretudo junto da população mais jovem que se verificam as maiores descidas. Nas faixas entre os 25-64 e 15-24 anos já partiram do Porto mais de nove mil e sete mil pessoas, respectivamente. Na cidade ficaram os mais velhos: o índice de envelhecimento subiu de 107,1%, em 2001, para 152,3%, em 2005.

Se as estimativas do INE apontam para a desertificação da cidade do Porto, por outro lado, indicam que a AMP continua a atrair população: quase 23 mil pessoas habitam nos nove concelhos que a compõem. Em 2001, a população fixava-se em 1.253.807 mil e, no ano passado, as estimativas do INE apontam para 1.276.575 pessoas.

Texto e foto: João Queiroz
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