Um programa que envolve empresas e centros de investigação ligados ao sector automóvel é o primeiro projecto a arrancar no âmbito do acordo entre o Estado português e o Massachusetts Institute of Technology (MIT), que será assinado quarta-feira, no Centro Cultural de Belém.

Este projecto-piloto, que deverá terminar em Setembro do próximo ano, testará na fábrica da Autoeuropa em Portugal três soluções tecnológicas e de materiais produzidas no Instituto Superior Técnico e nas universidades do Porto e Minho, revela um documento divulgado hoje, segunda-feira, pelo Ministério da Ciência e Ensino Superior (MCTES).

É a primeira actividade mais visível do grupo de engenharias aeronáutica e automóvel previsto no programa “Programa MIT-Portugal”. Este grupo, um dos quatro de sistemas de engenharia elencados no acordo, desenvolverá mecanismos médicos, de aeronáutica e do sector automóvel, áreas que vai estimular também através de cursos de pós-graduação, pequenos cursos e seminários.

A colaboração entre o Governo português, através do MCTES, e o MIT vai envolver 10 instituições de ensino superior, sete universidades, e vários centros de investigação e laboratórios associados e do Estado. Um dos objectivos do acordo é “promover novos consórcios de investigação”.

O MIT e o Governo escolheram ainda como áreas de intervenção os transportes (criação de um sistema de transportes integrado, intermodal e fortemente tecnológico), os sistemas de energia (temas principais: eficiência energética e energias renováveis) e a bioengenharia. Nesta última área, segundo o MIT, há já bastante investigação em Portugal, mas falta “capacidade técnica” essencial à aplicação lucrativa do conhecimento.

Gestão e engenharia

O acordo centra-se em duas áreas prioritárias: uma “parceria cooperativa formal e contínua na área da gestão” através de programas de formação e empresariado baseado em tecnologia; e um acordo de cinco anos para pesquisa e educação focadas na engenharia.

Os primeiros cinco anos de acordo ao nível dos sistemas de engenharia envolverão 65 milhões de euros de financiamento público, 33 milhões dos quais são para financiar as actividades no MIT e 32 nas instituições portuguesas.

No caso da gestão, a Sloan School of Management, a escola de gestão do MIT, trabalhará com as principais escolas de gestão portuguesas para criar um programa global de MBA para dar mais visibilidade internacional à formação nacional.

O programa prevê ainda a participação de estudantes, pós-doutorados, professores e investigadores portugueses em equipas de investigação no MIT, bem como o envio de 33 licenciados e 15 investigadores ou docentes de instituições portuguesas para visitar o instituto norte-americano cada ano.

O estudo de cinco meses conduzido pelo MIT, entre Fevereiro e Julho deste ano, concluiu que o “compromisso do Governo português em fortalecer a ciência e a tecnologia e em promover colaborações internacionais” nestas áreas está a “fazer de Portugal um local interessante para fazer investigação e um parceiro relevante para colaborações futuras na emergente economia globalizada baseada no conhecimento.”

Pedro Rios
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Foto: SXC