Os EUA querem sanções “a doer” para a Coreia do Norte, que levou a cabo ontem, segunda-feira, um teste nuclear, ignorando todos os avisos vindos dos seus vizinhos asiáticos, do Ocidente e da Organização das Nações Unidas (ONU). Washington diz aguardar ainda que o líder norte-coreano, Kim Jong-il, não receba apenas uma simples “carta de reprimenda” por parte da ONU.

Em declarações aos jornalistas, Tony Snow, porta-voz da Casa Branca, não confirmou a realização deste ensaio e sublinhou que a reacção de Washington se apoiava na informação de que tinha havido um abalo sísmico na região.

“Os EUA seguem a situação com atenção e reafirmam a intenção de proteger os seus aliados na região”, acrescentou Snow. Já ontem, o presidente George W. Bush classificou o ensaio nuclear norte-coreano como um “acto provocatório”.

O Japão propõe medidas mais duras, apelando novamente a que o Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas “invoque o Capítulo VII” da Carta da ONU, que prevê o uso da força. Por sua vez, a China também não descartou medidas sancionatórias contra o regime de Kim Jong-il (na foto), mas afirmou que uma acção militar é “inimaginável”.

Estas declarações surgem horas antes de uma reunião dos cinco membros permanentes do CS da ONU e do Japão para discutirem a resposta das Nações Unidas ao teste nuclear norte-coreano.

No encontro de hoje, terça-feira, vai ser analisada a proposta de resolução das Nações Unidas feita pelos EUA, que sugere inspecções internacionais em toda a carga que entra e sai do país asiático, a fim de encontrar material bélico.

Washington propõe também congelar as transferências ou o desenvolvimento de armas de destruição em massa e proibir as importações de bens de luxo.

Teste nuclear por confirmar

Um dia depois do anúncio da realização de um ensaio nuclear e dos sismógrafos da Coreia do Norte detectarem um tremor semelhante a um pequeno teste, as dúvidas persistem sobre aquilo que terá acontecido naquela área montanhosa perto da fronteira com a China.

Muitos cientistas e a maioria dos governos estão ainda longe de conclusões definitivas, que só poderão vir a ser conhecidas dentro de alguns dias. As hipóteses são várias: um teste nuclear, um pequeno artefacto nuclear ou até uma explosão não-nuclear.

Dos cinco países que negoceiam com a Coreia do Norte, apenas a Rússia avançou com uma conclusão. Segundo Moscovo, terá sido mesmo um teste nuclear de uma bomba de cinco a 15 quilates.

João Queiroz c/ agências
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