Um relatório afirma que o Reino Unido está a “caminhar sonâmbula” para uma sociedade de vigilância, em que a população é cada vez mais monitorizada através do uso de várias tecnologias. Há 4 milhões e 200 mil câmaras espalhados pelas ruas e locais públicos, o que corresponde a 14 câmaras por pessoa.

Mas há mais técnicas para “vigiar” os movimentos, a produtividade no trabalho e os hábitos de consumo dos cidadãos: cartões de fidelidade e sistemas de satélite usados para localizar carros de empresas, além do monitoramento de todo o tráfego de telecomunicações que passa pelo Reino Unido, feito pela Agência Americana de Segurança Nacional.

O estudo [PDF] aponta para que em 2016 as pessoas possam ser monitorizadas ao entrarem em lojas e que os pais poderão vigiar os filhos de mais perto.

David Murakami, co-autor do estudo, afirmou à BBC “on-line” que o Reino Unido é a “mais vigiada” das nações industrializadas do Ocidente.

“Temos uma sociedade que é baseada tanto no sigilo do Estado como na sua decisão de não desistir do seu suposto direito de manter informações sob controle, como, ao mesmo tempo, no desejo de saber tudo o que pode sobre nós”, disse Murakami à BBC.

Debate nacional

O comissário de Informação britânico, Richard Thomas, acredita que é necessário um debate sobre os riscos de um clima de desconfiança e da possibilidade de a informação cair em mãos erradas. “Temos de determinar até onde queremos chegar com toda esta vigilância”, afirmou o comissário à BBC.

Questões como a privacidade e os direitos humados estão em debate no seio do Reino Unido. O próprio comissário defende a importância da protecção das informações pessoais.

Segundo o relatório, o nível de vigilância deve aumentar na próxima década. Os sistemas de vigilância representam uma complexa infra-estrutura que assume que reunir e processar informações profissionais é vital para a vida contemporânea.

A publicação do documento coincidiu com o alerta do grupo de defesa dos direitos humanos Privacidade Internacional de que o Reino Unido tem o pior nível de protecção à privacidade individual em todo o mundo democrático ocidental.

Na lista geral, que engloba 36 países, a Malásia e a China são os países com as piores colocações, seguidos da Rússia e da Grã-Bretanha.

Joana Vasconcelos
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Foto: SXC