O Hospital de Santo António, no Porto, recebe esta semana uma visita especial. Vários infantários levam as crianças ao Hospital dos Pequeninos. Entram aos pares com os olhos esbugalhados a ver o que se passa à sua volta. Uns mais tímidos, outros mais extrovertidos, todos levam um boneco na mão. Por um dia, não entram no hospital como doentes mas como “pais”.

Os alunos do curso de Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) são os médicos destes pacientes diferentes. A quinta edição do Hospital dos Pequeninos do Santo António começou ontem e prolonga-se até sexta-feira.

Neste mundo do faz de conta, aparecem peluches com dores de barriga, bonecos com dores de cabeça, bonecas com tosse e muitos casos de fracturas. Numa sala de espera pouco convencional as crianças deliciam-se com os balões.

Os médicos analisam as fichas de cada paciente e chamam-nos ao consultório. Todos acompanham os seus “filhos” com muito orgulho. Explicam de que sofrem os seus bonecos e assistem ao tratamento dos médicos. Aqui, estetoscópio, vacinas e bloco operatório não os intimidam.

A responsável pelo Hospital dos Pequeninos do Santo António, Marina Pinheiro, explica que o projecto pretende diminuir o medo que as crianças têm dos hospitais, proporcionando um “ambiente mais ou menos criativo, acolhedor”. “Temos os senhores dos balões para as entreter, enquanto elas esperam, e no consultório tentamos ser minimamente alegres”, diz.

A aluna de Medicina sublinha que o facto das crianças interpretarem o papel dos pais ajuda a desmistificar o medo pelos médicos. “Como não são elas o alvo da consulta, conseguem ver o médico, o hospital e a consulta de uma perspectiva diferente”. As crianças saem do hospital com um saco de brindes e com uma perspectiva diferente sobre os médicos.

Marina Pinheiro afirma que a actividade começa a ganhar cada vez mais projecção, o que se traduz num aumento de patrocínios e numa maior adesão por parte dos infantários e dos alunos de Medicina. Este ano, à semelhança do que aconteceu no ano passado, esperam receber cerca de 1.600 crianças, entre os 3 e os 6 anos.

A iniciativa foi inspirado no “Teddie Bear Hospital”, criado pela European Medical Students Association (EMSA). A Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa (AEFCML) foi a primeira a importar este modelo, com o Hospital da Bonecada, que cedo se alargou a várias faculdades de Medicina do país, como o ICBAS e a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Os consultórios estão abertos das 9h30 às 12h30 e das 14h30 às 17h30.

Texto e foto: Carina Barcelos
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