Passar de uma entidade que “fazia só avaliação para uma instituição que faz avaliação e acreditação” é um “salto enorme” para que Portugal caminhe para os padrões europeus, diz Marçal Grilo ao JPN.

Para o ministro da Educação entre 1995 e 1999, a substituição do Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior (CNAVES) pela nova Agência Nacional de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, em 2007, é uma evolução “muito natural”.

Um relatório, divulgado na semana passada, da Rede Europeia para a Garantia no Ensino Superior (ENQA) salienta a “limitada independência do CNAVES”, já que nos seus conselhos de avaliação predominam elementos das universidades públicas e existe uma “considerável familiaridade entre avaliadores e avaliados”.

A ENQA ressalva, contudo, que o CNAVES favoreceu uma “cultura de auto-avaliação” no ensino superior português.

O CNAVES teve “um papel importantíssimo para consolidar uma cultura de avaliação”, concorda Marçal Grilo, que é membro da International Commission do Council for Higher Education Accreditation. Mas destaca que a futura agência “vem colmatar a lacuna pelo desaparecimento do CNAVES e preencher uma outra necessidade: a acreditação”.

Marçal Grilo acredita que a Agência Nacional de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior poderá ser “um salto enorme” para uma rede europeia. De acordo com o actual administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, Portugal pode agora “caminhar seguramente para sistemas de acreditação ao nível do espaço europeu”.

O ex-ministro do primeiro Governo de António Guterres crê na criação de uma “entidade que ao nível europeu acredite as instituições de acreditação de cada um dos países”.

Marçal Grilo prevê que, com a futura agência e possível integração em sistemas de acreditação europeus, “uma universidade possa querer estar acreditada em mais do que uma agência”.

Glória Sousa
Foto: Ministério da Educação