Não há telespectador que nunca tenha desistido de ver determinada série ou filme devido aos horários tardios a que são transmitidos. A rígida programação televisiva é cada vez menos compatível com o ritmo frenético da sociedade moderna. Para dar resposta a este novo perfil de telespectador, o INESC Porto e a PT Inovação desenvolveram um sistema “inteligente” de gravação de conteúdos televisivos.

Através de uma caixa comum de televisão por cabo, o espectador pode programar a gravação de determinado programa. Com o tempo, a aplicação vai aprendendo os gostos e preferências do espectador, grava automaticamente determinados conteúdos e sugere outros.

O nPVR foi desenvolvido por uma equipa mista do INESC (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores) Porto e da PT Inovação (que assegurou o seu financiamento), de Março a Dezembro do ano passado. O protótipo será apresentado às empresas do grupo PT em Aveiro, a 1 de Março, no “workshop” anual do Plano de Inovação 2006. Pode vir a ser aplicado por empresas do universo PT, como a TVCabo e a Sapo.

O sistema, pensado para televisão em banda larga, traz mais-valias face aos velhinhos gravadores de vídeo, mas também em relação a aparelhos como o TiVo (gravador digital de conteúdos televisivos), muito utilizado nos Estados Unidos.

No projecto do INESC Porto e PT Inovação, os programas não são armazenados num disco rígido, como no TiVo, mas antes pelos próprios operadores, o que permite um maior controlo da difusão de material com direitos de autor.

Indústria de conteúdos tem que se adaptar

O coordenador do projecto, Sílvio Macedo, diz que este “gravador de televisão inteligente” pode ser também uma “vantagem competitiva”, numa altura em que a convergência de suportes (dados, voz e televisão) leva ao aumento do número de operadores.

É já possível a “aplicação real” da aplicação “num curto espaço de tempo”. No entanto, a indústria de produção de conteúdos tem que ser mais flexível e adaptar-se a novas formas de distribuição, diz Sílvio Macedo. Será ainda preciso assegurar a compatibilidade deste novo modelo de negócio com as actuais políticas de gestão de direitos sobre conteúdos.

O membro do INESC Porto revela que o centro de investigação está também envolvido num projecto de televisão para telemóveis, de novo com a colaboração da PT Inovação. O projecto, denominado Micromass Media, será assinado em Março e estende-se até ao final do ano. O objectivo é criar “micro-canais” televisivos para telemóvel, “personalizados com base no perfil” do utilizador.

Pedro Rios
prr @ icicom.up.pt
Fotos: DR