O número de utilizadores de telemóveis deve disparar para os três mil milhões já em 2007. É quase metade da população da Terra a ter acesso a aparelhos cada vez mais desenvolvidos e multi-funções. Em 2010, 90% da população mundial terá um telemóvel. É neles que a indústria musical deposita esperanças para sair da crise que a atinge desde que a Internet veio tornar fácil e gratuito, apesar de ilegal, o acesso aos discos.

O lançamento de aparelhos como o “telemóvel- walkman” da Sony Ericsson ou o iPhone da Apple dão nova esperança à indústria, que viu o volume de vendas de música digital duplicar em 2006, gerando lucros na ordem dos 1,5 mil milhões de euros. O aumento não foi, porém, suficiente para colmatar anos de queda na venda de CD.

“Acredito que boa parte das novas receitas da indústria musical venham definitivamente dos telemóveis”, afirmou o director do Mercado Internacional de Discos e Edição Musical (MIDEM), Dominique Leguern, que terminou hoje, em Cannes, França.

Segundo previsões citadas pela AFP, os telemóveis preparados para ouvir música devem ultrapassar as vendas dos leitores de mp3 nos Estados Unidos em dois anos.

Poderá ser uma janela de oportunidade para uma indústria que se julgava em decadência? Os níveis de participação no MIDEM (cerca de 9.500 pessoas e 4.600 empresas) parecem indicar que sim. “A tecnologia vai corresponder às nossas esperanças mas pode fazê-lo mais tarde do que pensávamos”, afirmou Dominique Leguern.

A convergência entre os mundos da internet e dos telemóveis é uma tendência em crescimento e será acelerada quando os publicitários apostarem no “on-line” e na música.

Outra mensagem de optimismo deixada no MIDEM foi a de que a música vai viver cada vez mais noutros espaços, como os videojogos, os filmes e a televisão. No caso dos videojogos, espera-se que seja possível comprar música “on-line” através de consolas.

Pedro Rios
c/ agências
Foto: Morguefile