Portugal ainda está atrasado na difusão da televisão digital, mas a tecnologia será implementada dentro de aproximadamente dois anos. Esta foi uma das principais conclusões do debate realizado nesta terça-feira no âmbito das comemorações dos 50 anos da RTP, nas instalações do Curso de Jornalismo da Universidade do Porto.

“Mais detalhes, imagens mais luminosas e mais som” são as principais vantagens da televisão digital enumeradas pelo director da revista “Produção Profissional”, João Martins, que sublinhou ainda que a “alta definição é o principal factor para o consumidor mudar para digital”.

O responsável do Media Parque veio completar a ideia, afirmando que “o investimento tecnológico não faz sentido se não trouxer novidade de conteúdos para o mercado”. Para Paulo Lages, as pessoas não vão comprar novos receptores para receber os mesmos conteúdos.

“A transição para a televisão digital resultou nos Estados Unidos e falhou na Europa”, referiu João Martins. Contudo, com a entrada do século XXI a nova tecnologia está em expansão em vários países. É o caso de Inglaterra, “o país europeu mais avançado em termos de televisão digital, onde a maioria da população vê TV de alta definição”.

No que toca a Portugal, a televisão digital já existe há 10 anos e funciona através de satélite e por cabo. Ainda não existem canais digitais a serem transmitidos por via terrestre, um meio de transmissão já muito desenvolvido noutros países.

Sociedade da imagem

A implementação da televisão digital em Portugal “vai permitir o aparecimento de novos operadores de televisão e rádio”, prevê Paulo Lages. O resultado será “mais concorrência, mais canais e mais qualidade”.

As previsões do responsável do Media Parque apontam para a necessidade da televisão digital apostar entre 20 a 25 canais. “Caso contrário não vai ter hipóteses de concorrer com a TV Cabo”, acrescentou. Metade destes canais deveriam ser abertos para captar público; o restante devia funcionar segundo o modelo “pay-tv”.

O subdirector de Informação da RTP, José Manuel Portugal, veio rematar a discussão dando mais ênfase aos conteúdos do que à parte técnica. “Assistimos a uma revolução em termos de informação que só foi possível pelo grande desenvolvimento tecnológico”, disse.

“Vivemos na civilização da imagem. Quem não fizer a transmissão do acontecimento na hora em que está a acontecer, perdeu o comboio. Vivemos na hegemonia do instante”. O jornalista finalizou a conferência, questionando até que ponto as novas tecnologias vão alterar a forma de fazer jornalismo.

O encontro foi organizado pela RTP no âmbito do “Ciclo de Debates Universitários – A Televisão na Era Digital”, dirigido, sobretudo, a professores, investigadores, estudantes e profissionais dos meios de comunicação social.

O próximo debate terá lugar na Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa, no dia 27 de Março. As universidades dos Açores, Beira Interior, Aveiro, Madeira e Coimbra também vão acolher discussões sobre o tema.

Alice Barcellos
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Ana João Magalhães
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Foto: Ricardo Fortunato