A criação de salas de consumo assistido esteve, esta sexta-feira, em debate num encontro realizado no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS). Na sessão de abertura, o presidente da direcção da associação Norte Vida, Agostinho Rodrigues, falou dos esforços da associação na redução de danos no Bairro do Aleixo, em Outubro do ano passado.

“Nesse local há uma grande concentração de consumidores de drogas ilegais, na sua maioria entre os 25 e os 45 anos, portadores do HIV, hepatites B e C e tuberculose”, disse Agostinho Rodrigues.

O presidente da direcção da Norte Vida defende a criação de “salas de chuto” no Porto, como medida de redução de danos, para melhorar as condições de vida dos toxicodependentes, e não apenas para o consumo.

O médico responsável da sala de consumo assistido de Bilbao, Julio Pardo, insistiu nos resultados positivos da aplicação de medidas de redução de riscos, de âmbito social, sanitário e terapêutico. Este projecto dos Médicos do Mundo “não é um projecto de tratamento de toxicodependência, mas antes de ampliação do trabalho com pessoas imigrantes no âmbito da exclusão”, disse Julio Pardo.

A sala de consumo assistido de Bilbao abriu as portas a 25 de Novembro de 2003, facilitando o acesso a “um lugar de descanso e encontro, com salas de consumo injectado ou por inalação/fumado, com intercâmbio de seringas e distribuição de material preventivo, com atenção em caso de overdose, para uma educação para a saúde e redução de danos”, explicou o médico basco.

A “sala de chuto” de Bilbao registou um total de 76.202 consumos, dos quais 14,2% efectuados por mulheres e 85,8% efectuados por homens, desde a data de abertura até 30 de Outubro do ano passado. Registou-se, no mesmo período, uma maior afluência por parte de homens, entre os 33 e os 44 anos, provenientes de toda a Espanha.

A sala de consumo assistido “está aberta todos os dias, incluindo o fim-de-semana, e a pessoas provenientes de qualquer parte do mundo”, sublinhou o médico responsável.

Julio Pardo apontou como principais objectivos das salas de consumo assistido “melhorar a qualidade de vida dos consumidores de drogas em situação de risco de exclusão social, aumentar o conhecimento dos consumidores sobre saúde e higiene, facilitar material asséptico e reduzir o número de seringas contaminadas, contactar com aqueles que não solicitam ajuda e motivar para possível tratamento”.

O médico responsável da sala de Bilbao alertou ainda para a necessidade de informar e sensibilizar a sociedade do fenómeno de consumo de estupefacientes e os problemas associados.