O Governo encerrou a Embaixada de Portugal em Bagdad devido à situação de segurança “muito delicada” e dos “elevados custos financeiros” que lhe estão associados, revelou esta quarta-feira à noite o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).

Apesar da decisão, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, reiterou na sua mensagem ao seu homólogo Hoshiar Zebari o “firme apoio” de Lisboa aos esforços do Governo iraquiano para a reconstrução do país e a consolidação das suas instituições financeiras.

A representação portuguesa em Bagdad passará a ser assegurada por um embaixador com residência em Lisboa, que cobrirá igualmente outros Estados da região, e que será nomeado “dentro de algumas semanas”. No entretanto o embaixador português na capital iraquiana, Francisco Falcão Machado, já regressou a Lisboa.

Portugal continuará, no entanto, a manter em Bagdad um escritório para apoio administrativo que ficará integrado no complexo das embaixadas estrangeiras na capital iraquiana, situado no perímetro de segurança da “zona verde”.

Os 14 elementos dos GOE (unidade de elite da PSP) que, além das funções de formação, têm garantido a segurança da embaixada portuguesa em Bagdad, deixarão o Iraque até ao final do mês, adiantou o MNE.

No âmbito da reestruturação em curso destinada a reorganizar a presença diplomática portuguesa no exterior, Lisboa decidiu ainda encerrar a representação diplomática em Manila, Filipinas, abrir uma embaixada em Tripoli, e reactivar a representação dos interesses portugueses em Beirute, Líbano.

PSD considera “um erro” decisão do Governo

O líder do PSD, Marques Mendes, considerou que o encerramento da embaixada de Portugal em Bagdad é um “erro”.

“Estamos em vésperas da presidência portuguesa da União Europeia, e numa nova fase – que todos desejamos com sucesso – para a pacificação do Iraque, Portugal retirar a sua embaixada parece-me um erro, parece-me uma decisão muito ligeira e muito leviana”, explicou.

O líder social-democrata disse ainda esperar que “o Governo explique, porque para já não vejo que haja razões para perceber este sinal, que pode ser um sinal muito negativo”.

“Terei oportunidade em dar as explicações que devo dar em sede da comissão de Negócios Estrangeiros do Parlamento”, afirmou o chefe da diplomacia portuguesa, à chegada ao Conselho Europeu em Bruxelas, onde se inicia, esta quinta-feira, uma cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia. “O PSD seguramente vai compreender as razões que estiveram na base da decisão que tomei”.