Apesar da violência diária, o Iraque não vive uma situação de guerra civil. Esta é a opinião da maioria das pessoas inquiridas num estudo realizado para a BBC e ABC. Das duas mil pessoas inquiridas, menos de 40% dizem estar numa situação de vida estável. Há dois anos atrás 71% dos inquiridos estavam satisfeitos com suas vidas.

O aumento do sectarismo religioso é outra das grandes conclusões retiradas do inquérito, sendo os sunitas mais pessimistas que o xiitas. Mesmo assim, 58% dos inquiridos querem que o país continue unido.

No que toca à presença americana e aliada no Iraque, 63% pensa que as tropas devem continuar no país até que a segurança dos civis seja restituída, contra 35% que defendem a saída das tropas estrangeiras.

Mesmo assim, apenas 18% dos inquiridos confia nos militares americanos e da coligação. 51% afirma até que os ataques contra as tropas dos EUA e dos outros países aliados são justificados.

Resultados pessimistas

Metade dos iraquianos revelou que a situação no país estava melhor antes de 2003, ano em que começou a guerra. 38% diz que agora a situação está melhor.

Comparado com um inquérito semelhante, realizado há dois anos atrás, domina o pessimismo entre as respostas, que agora foram mais negativas do que no estudo anterior. Grande parte dos inquiridos considera que a qualidade de vida está a deteriorar-se.

Apenas 26% da amostra considera-se segura no seu bairro. Mais de metade revela que evita ir locais muito movimentados, como mercados, com receio de se envolverem em problemas. Muitos dizem que já não deixam os filhos irem à escola.

Divergência sobre execução de Saddam

No que diz respeito ao enforcamento de Saddam, 95% dos sunitas inquiridos consideram que a forma de execução foi errada e não ajudou a trazer a reconciliação. Em oposição, 82% dos xiitas pensam que o enforcamento foi apropriado ao antigo líder sunita.

O inquérito foi realizado de 25 de Fevereiro a 5 de Março. Cerca de 450 cidades foram percorridas em mais de 18 províncias do país. O estudo, conduzido pela D3 Systems, foi feito para a BCC, ABC, ARD German TV e USA Today.