A administração da Rohde de Santa Maria da Feira desconhece “totalmente” a hipótese da deslocação da empresa de calçado para a China, alegadamente noticiada por um jornal alemão.

Segundo a deputada do PCP Ilda Figueiredo, o jornal noticiou que as instalações da fábrica em Portugal seriam transferidas por dificuldades económicas. No entanto, contactado pelo JPN, um membro da administração da Rohde, que pediu para não ser identificado, desvalorizou a questão e afirmou que “na fábrica desconhece-se totalmente a hipótese de ida para a China”.

A presidente e coordenadora do Sindicato de Trabalhadores de Calçado de Aveiro e Coimbra, Fernanda Moreira, referiu ao JPN não ter a “informação da possível deslocação para a China”. O objectivo do sindicato é manter a fábrica aberta mas “encerrar é uma hipótese”. Caso a empresa se mantenha em funções, provavelmente haverá redução do número de funcionários.

Faltam encomendas

Ao pedido de calma e confiança do sindicato, os trabalhadores responderam favoravelmente. Em plenário, os empregados da Rohde decidiram dar uma oportunidade à direcção da empresa em Portugal, permitindo a saída de camiões para que eventualmente possam ser pagos os dois meses de salários em atraso.

A mesma fonte da administração da Rohde disse ao JPN que as mercadorias que a fábrica tem são suficientes para pagar os ordenados em atraso. “O que falta são encomendas”, frisou.

No entanto, Celeste Sá, funcionária da loja da empresa, afirma que a “cobertura do caso pela televisão deu muita publicidade à Rohde”, o que contribuiu para um “aumento das vendas”. “Muitas pessoas ficaram a conhecer a marca e vêm à loja” pelos preços convidativos, conta.

Mesmo assim, a situação está “complicada”. Teme-se a “rescisão de contratos e o encerramento da Rohde”. Celeste Sá é um dos trabalhadores que receia que não sejam pagos os salários em atraso.

Já está marcada uma reunião, para quarta-feira, em Lisboa, que contará com a presença dos funcionários da Rohde, representantes do Ministério da Economia e do sindicato, do presidente da Câmara de Santa Maria da Feira. O JPN apurou, junto de Isabel Ferreira, do gabinete de comunicação da autarquia, que serão discutidas “soluções para a sustentabilidade da fábrica e a sua manutenção em Portugal”.

Sexta-feira é a data fixada para outro plenário. Espera-se que no dia anterior a administração da empresa em Portugal consiga estabelecer contacto com a empresa-mãe, na Alemanha, depois de diligências falhadas. Nova tentativa de diálogo entre as duas administrações será feita na quinta-feira, sendo o resultado da conversação divulgado aos funcionários no dia seguinte.