O Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial é uma data estipulada pela Nações Unidas em memória ao massacre de Sharpeville, na África do Sul em 1960. A polícia disparou e matou 69 pessoas e feriu 186 numa manifestação pacífica contra as “leis do passe” (os cartões de identificação indicando os locais por onde as pessoas podiam passar eram obrigatórios).
40 anos depois, a discriminação racial ainda é uma realidade na nossa sociedade.
Segundo Ana Cruz, membro da direcção da SOS Racismo, a melhor parte dos estudos desenvolvidos demonstram que a comunidade que mais sofre do racismo é a comunidade cigana.
“É aquela sobre a qual os portugueses manifestam mais desconhecimento e o desconhecimento leva à intolerância. Apesar de eles também serem portugueses, o isolamento dessa comunidade é muito grande”, afirmou Ana Cruz ao JPN.
O maior número de queixas recebidas na SOS Racismo têm a ver com situações problemáticas que envolvem patrões e empregados, como pagamentos em atraso. Muitas vezes os patrões aproveitam a barreira da língua dos trabalhadores imigrantes para fazer deles mão-de-obra mais barata.
Outras queixas recebidas pela SOS Racismo têm a ver com a intolerância. “Temos muitos casos de recusas em alugar casas e de maus tratamentos das instituições públicas em relação aos imigrantes”, acrescentou Ana Cruz.
Poucos são aqueles que ganham coragem e denunciam situações de discriminação racial. A vergonha, o receio de represálias, a precariedade no emprego e a falta de conhecimento dos direitos humanos impedem as vítimas de racismo de apresentar queixa.
“Há uma falta de informação. A maioria dos imigrantes desconhecem a existência de uma Comissão pela Igualdade e contra a Discriminação Racial onde podem apresentar queixa”, explicou a membro da direcção da SOS Racismo.
A SOS Racismo trabalha em regime de voluntariado e reencaminha as pessoas que recorrem à linha de apoio. Incentivam as vítimas a apresentarem queixa à Comissão ou então optam pela denúncia através da comunicação social.