Concurso de decoração de árvores visa sensibilizar alunos para temas ambientais. Palácio de Cristal recebe árvore "sobrevivente" ao lançamento de bombas atómicas em Nagasaki.

O Dia Mundial da Floresta foi assinalado com uma iniciativa inédita. O “Tree Parade” arrancou pela primeira vez em Portugal, estendendo-se de forma gradual a toda a comunidade escolar. Trata-se de uma competição em que os concorrentes vão decorar árvores, levando-as depois a uma eleição, tal como acontece com a “Cow Parade”.

Levado a cabo pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF), o concurso vai contar com a participação de 175 estabelecimentos de ensino, visando incutir nos estudantes maior preocupação para com a floresta e seus recursos e alertar a população escolar para a problemática dos incêndios florestais, que todos os anos minam as matas portuguesas.

Esta quarta-feira, início da Primavera, as escolas começaram a receber as primeiras árvores, que serão enfeitadas e levadas a concurso, em Junho, na cidade de Lisboa. A “Tree Parade” 2007, um projecto dos ministérios da Agricultura e da Educação, vai estimular a criatividade dos alunos das escolas que vão a concurso.

As decorações às árvores devem subordinar-se ao tema “Defesa da Floresta Contra Incêndios”. Os melhores trabalhos serão galardoados. O concurso desenvolve-se em duas fases, uma a nível distrital e outra de abrangência nacional.

Cada escola terá um prazo de três semanas para enfeitar as suas árvores, que serão levadas para os governos civis das capitais de distrito, onde estarão expostas durante uma ou duas semanas. As árvores enfeitadas serão posteriormente avaliadas.

As vencedoras rumarão a Lisboa para uma exposição de âmbito nacional, sendo premiadas as três mais criativas. O júri nacional é constituído por diversas entidades ligadas à protecção florestal, protecção civil, segurança e educação.

Nos primeiros nove meses de 2006, os incêndios florestais destruíram 72.364 hectares, sendo 37.237 de povoamentos florestais e 35.127 de matos.

Dia da Floresta especial no Porto

O Palácio de Cristal recebeu esta quarta-feira uma visita muito especial. Nada mais nada menos do que um diospireiro descendente de uma das poucas árvores que sobreviveram em 1945 ao lançamento de uma bomba atómica sobre Nagasaki, no Japão, pelos Estados Unidos da América. A árvore, que no Oriente é conhecida por “Kaki”, foi plantada no âmbito da geminação entre as cidades de Nagasaki e Porto, celebrada em 1978.

A árvore é um símbolo da resistência a uma das mais maiores catástrofes a que a Humanidade assistiu. O projecto “Revive Time Kaki Tree” surgiu em 1996 pela mão do botânico Masayuki Ebinuma e pelo artista plástico Tatsuo Miyajima visando precisamente glorificar a sobrevivência dessa árvore.

Masayuki Ebinuma cuidou do “Kaki” sobrevivente, dois anos antes de dar início às actividades da organização “Revive Time Kaki Tree”, tendo conseguido germinar novos diospireiros partindo apenas da recuperação das sementes. Os mentores do projecto começaram, então, a divulgar exposições e conferências em todo o mundo e a requerer licenças para a exportação de sementes e árvores.

Sendo uma organização sem fins lucrativos, a “Revive Time Kaki Tree Project Executive Committee” começou a sua actividade encorajando crianças de todo o mundo a criar uma árvore, a partir da experiência da espécie sobrevivente a Nagasaki. Já existem descendentes do “Kaki” em vários locais (Japão, Canadá, EUA, etc.).

Ambiente e escola

Leonor Costa Pinto, do Núcleo Regional do Porto da Quercus, disse ao JPN que “não há receitas mágicas” para sensibilizar a população estudantil para o ambiente. No entanto, sublinha que é preciso trazer os temas à discussão para que surjam resultados.

“Para convencer alguém de que um dado assunto é importante temos de trazer à evidência essa importância, explicar o que faz aquele assunto ser tão especial. Se o assunto tiver lógica para o receptor da informação, ele vai perceber o que se está a explicar”, concretiza.