Eduardo Coelho, actual professor de Língua Portuguesa, entrou como aluno em 1984 para a Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP). “Nessa altura, a UP era uma estrutura muito desagregada e não havia a consciência de Universidade, mas sim de Faculdade”, conta.

Passados 23 anos, Eduardo Coelho vê uma evolução na UP, sobretudo a nível de instalações e serviços, que na altura “eram precários”. Na altura, as relações entre alunos e docentes eram “diferentes e mais distantes”.

“No ano em que entrei, o corpo docente era composto mais por investigadores do que por pedagogos. Hoje em dia, a parte da investigação perdeu-se, os cursos ganharam uma dinâmica mais virada para mercado de trabalho e para o mundo real”, esclarece Eduardo Coelho.

Filipa Silva, licenciada em Jornalismo e Ciências da Comunicação pela UP há 3 anos, tem uma opinião “pouco formada da universidade”.

Apesar dos anos lectivos que a separam de Eduardo Coelho, a agora jornalista partilha da mesma opinião no que diz respeito à imagem da Universidade. “Não tenho muito a noção de universidade mas sim de faculdade. A imagem que tenho da UP é muito espartilhada. Acho que ainda falta à universidade a ideia de conjunto”, afirma.

Apesar disso, Filipa Silva adianta que essa situação tem vindo a mudar, devido “à maior e melhor coordenação das actividades em termos de universidade e não de faculdade”.

Tradição académica na UP

Ao longo de 96 anos, a tradição académica quase sempre fez parte da vida dos estudantes da UP.

Eduardo Coelho conviveu de perto com um período de várias recuperações académicas, que na altura se manifestaram “violentas, masculinizadas e muito ligadas aos poderes políticos das associações de estudantes”.

Para o professor, a tradição académica vivida na altura era “episódica” e só nos anos 90 é que começou a ser generalizada.

Filipa Silva, que pertence a uma geração mais recente, considera que as tradições académicas já foram mais vividas do que actualmente.