As 16 companhias de teatro com sede no Porto vão poder utilizar gratuitamente durante 120 dias por ano as salas do Teatro do Campo Alegre (TCA) para preparar e apresentar as suas produções. A autarquia garante meios técnicos e recursos humanos; em contrapartida, o teatro reserva entre 5 a 10% das receitas de bilheteira para ajudar a custear as despesas de funcionamento, como água e electricidade.

O protocolo a três anos entre a câmara e a Fundação Ciência e Desenvolvimento (FCD), que gere o teatro, implica um “reforço do investimento” camarário para suprir as necessidades de meios técnicos do TCA, cujo valor dependerá da procura por parte das companhias artísticas.

A medida surge na sequência da transferência da gestão do Rivoli à gestão privada e a previsível menor disponibilidade do espaço para as produções das companhias portuenses. Contactadas pelo JPN, responsáveis do Teatro Art’Imagem e da Plateia, duas companhias da cidade, consideraram a decisão positiva, lembrando, porém, que quatro meses é pouco tempo para tantas companhias prepararem e apresentarem as suas produções.

A Câmara do Porto enviou esta segunda-feira cartas a convidar cada companhia a apresentar, até ao final deste mês, as suas propostas de utilização do teatro municipal já este ano. Para 2008, devem fazê-lo até ao final de Outubro, depois da Seiva Trupe, companhia que tem um contrato de ocupação do TCA até 2014, delinear a sua programação para o próximo ano, explicou esta segunda-feira, em conferência de imprensa, o vereador da Cultura, Gonçalo Gonçalves.

O protocolo é válido já para este ano, mas dificilmente serão garantidos os quatro meses de utilização porque a Seiva Trupe tem já várias marcações. No entanto, noutros anos, o tempo de utilização pode ser superior a 120 dias, em função das necessidades da companhia residente e da FCD, mas a autarquia já não assegura meios técnicos.

“Resposta positiva” às companhias

A escolha das peças a exibir caberá à direcção do TCA, constituída por membros da Seiva Trupe e da Fundação Ciência e Desenvolvimento, criada em 1995 pela câmara e pela Universidade do Porto.

Em caso de duas companhias pretenderem a mesma data e falhar o diálogo, vencerá a companhia com maiores níveis de audiência nos últimos anos. É o “único critério objectivo” encontrado pela CMP para resolver eventuais problemas deste tipo e corresponde também ao desejo de “dinamizar aquele espaço”, disse Gonçalo Gonçalves.

O vereador acredita que o período de quatro meses permitirá “dar uma resposta positiva” às companhias. “O histórico diz-nos que os pedidos de utilização são relativamente curtos – entre uma semana e semana e meio”, afirmou.

O Teatro do Campo Alegre dispõe de um grande auditório, café-teatro, sala-estúdio, galeria de exposição, oficinas de ensaio, entre outros espaços.

Na conversa com os jornalistas, Gonçalo Gonçalves usou muitas vezes a experiência no Rivoli para explicar os contornos da nova política de acolhimento do TCA. Porém, recusou explicar como se encontra o processo de transferência da gestão do Rivoli para a Bastidores, de Filipe La Féria.