O rio Tinto, que nasce em Valongo e passa por Gondomar (Rio Tinto) e Porto, apresenta níveis de poluição elevados. O resultado das análises à água do rio mostra um valor de coliformes fecais e bactérias 100 vezes maior ao permitido por lei. As conclusão são de um estudo de Pedro Teiga, investigador da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, sobre rios e ribeiras em espaços edificados.

O estudo revela ainda a existência de larvas aquáticas que só sobrevivem em águas muito poluídas. As principais causas apontados pelo investigador são as descargas clandestinas provenientes dos saneamentos de habitações e o eventual erro no tratamento de águas no aterro da Lipor, em Valongo, e da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) da freguesia de Rio Tinto.

Outro estudo, da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa, confirma o nível de poluição “extrema” das águas do rio. A partir de colheitas de água realizadas em nove locais diferentes, detectou-se a presença de metais pesados (tais como chumbo e ferro) e nitratos.

A análise, divulgada na semana passada, revelou ainda a existência de descargas de óleos industriais, apesar da Câmara de Gondomar fazer recolha gratuita desses óleos nas oficinas. Das 34 empresas inquiridas, 23,5% admitiram descarregar na natureza os seus efluentes. É referido também o caso de uma vacaria que canaliza dejectos para o rio.

Quanto à descarga de efluentes domésticos, o estudo revelou que dezenas de habitações despejam directamente para o rio os seus esgotos. No entanto, dos 653 residentes perto do rio, apenas 5% admitiu fazer descargas no solo ou em águas pluviais, mas 38% recusaram-se a responder.

O estudo referido aponta como possíveis soluções a realização de obras de ampliação da rede de drenagem, detecção e eliminação de ligações clandestinas, tratamento das águas residuais e a sensibilização da comunidade para este problema.

Neste sentido, a empresa Águas de Gondomar tem apostado no saneamento básico do concelho e a Lipor tem investido num sistema para desviar as descargas para outro local que não o rio.

A reabilitação do rio é o principal objectivo do Movimento em Defesa do Rio Tinto (MDRT), determinado em combater a poluição. O movimento organizou no mês passado, com o apoio da Junta de Freguesia de Rio Tinto e da Lipor, uma caminhada para a sensibilização dos moradores, mas também acções de limpeza das margens.

O Movimento em Defesa do Rio Tinto mostra-se contra o entubamento das águas. Desde 1997 que o rio está parcialmente entubado, uma medida da Câmara de Gondomar para reduzir os maus cheiros resultantes da poluição. O MDRT refere que existem outras soluções mais eficazes como a recuperação de moínhos e azenhas e a eliminação das descargas ilegais.