O Governo, pela voz do secretário de Estado adjunto e da Administração Interna José Magalhães, ordenou esta terça-feira que a Inspecção-Geral da Administração Interna apure todas as circunstâncias que motivaram os incidentes no jogo do último domingo entre o Benfica e o FC Porto disputado no Estádio da Luz. Para estas conclusões, foi dado um pazo máximo de dez dias.

O Ministério da Administração Interna (MAI) lamenta que, na apreciação dos eventos, “haja quem perca o respeito devido às autoridades policiais” e expressa a intenção de “contribuir para o total esclarecimento dos factos, única forma de eliminar suspeições e prevenir a repetição de eventos similares”.

Em comunicado, o ministério considera ainda que na origem dos desacatos no clássico esteve uma “combinação invulgar de factores”, dos quais resultaram “imputações e suspeições sobre a acção da PSP, da segurança privada e do sistema global de segurança adoptado”.

No Estádio da Luz, que terminou empatado 1-1, houve confrontos entre adeptos dos dois clubes e os agentes de segurança, incluindo o rebentamento de petardos e o arremesso de outros objectos por parte das claques portistas colocadas no quarto anel do topo Norte do recinto. Na sequência dos desacatos, um adepto do FC Porto foi detido e três pessoas ficaram feridas.

A Liga Portuguesa de Futebol também já tomou medidas. Para além de ter aplicado uma pesada multa aos dois clubes, que são reincidentes neste tipo de situações, o organismo informou, em comunicado, que vai “ordenar a instauração de um processo de inquérito para determinção das ocorrências relatadas no que toca ao lançamento e rebentamento de petardos, bem como o lançamento, e respectivas consequências, levadas a cabo pelos adeptos do clube visitante”.

Benfica e FC Porto rejeitam culpas

O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, responsabiliza as forças de segurança e os adeptos do FC Porto pelos incidentes registados, acusando ainda a PSP de “vassalagem” às claques portistas.

Logo no dia a seguir ao jogo, o Benfica anunciou, em comunicado, que vai pedir audiências ao Conselho Nacional Contra a Violência no Desporto e à Liga Portuguesa de Futebol Profissional para expor a sua versão dos incidentes ocorridos no jogo com o FC Porto.

O FC Porto também reagiu na segunda-feira aos incidentes da Luz e classificou como um “erro grosseiro” a decisão de colocar os adeptos portistas no último piso do estádio. No seu “site”, o clube azul e branco diz mesmo que houve deflagração repetida de material pirotécnico proibido”, prova que a revista dos adeptos “não foi minuciosa”.