São “três universos, em que técnicas e processos podem associar as suas manifestações, mas que são surpreendentes na forma como se apresentam”, explica o director do Museu de Serralves, João Fernandes. O museu portuense inaugura esta sexta-feira, às 22h, exposições de três artistas – o português Jorge Queiroz, a suíça Silvia Bachli e a alemã Katharina Grosse -, que por lá ficam até 1 de Julho.

“Os visitantes encontrarão três formas de apresentação do desenho, inerentes à especificidade de cada artista”, afirmou João Fernandes ao JPN. “Encontramos novas formas de assumir, interpretar e praticar o desenho em todos estes trabalhos”.

Pelo espaço do museu, há inúmeras esferas pintadas de cores garridas. São exemplo das pinturas “bastante provocadoras” de Katharina Grosse. O estilo da alemã provocou “reacções violentas” porque “não era aceitável que alguém não respeitasse a geometria da arquitectura”, explicou Ulrich Loock, comissário das mostras de Grosse e Silvia Bachli e director-adjunto do Museu de Serralves.

As pinturas desta artista assemelham-se a grafitti, espalhadas por toda a parede e chão da instalação. Grosse “questiona o conceito de pintura, além da forma de identificar e separar os objectos no mundo. Atreve-se a espalhar spray na parede e chão, ligando-os numa mesma superfície”.

A irreverente exposição de Grosse é a única que tem título (“Atoms outside Eggs”). Loock não tem explicação para essa denominação: “O título não tem um significado concreto. Transmite uma atmosfera de silêncio e reflexão”. Característica coerente com a obra da alemã, “não acabada, podendo continuar, criando espaços”.

Silvia Bachli pela primeira vez em Portugal

Para o director-adjunto do Museu, as obras de Silvia Bachli, que expõe pela primeira vez em Portugal, são de uma forma não evidente “a inscrição do corpo numa superfície”.

A suíça usa recursos limitados e utiliza frequentemente como tema o corpo. Em Serralves, expõe desenhos de mãos, pernas e corpos, linhas e abstracções, sempre a preto e branco, além de algumas fotografias. Figuras de plantas podem também ser apreciadas.

A obra de Jorge Queiroz é um “labirinto de identidades, uma polifonia de sensações”. Da “abstracção à figura, do gesto autónomo ao gesto premeditado”, João Fernandes, comissário da exposição do português, considerou mesmo que a arte do português é “impossível de verbalizar”, já que a linguagem falada não é “uma categoria que possa descrever o seu trabalho”.

O director crê que os desenhos do artista não são de uma “visibilidade retiniana, mas projectam movimentos do olhar, de associações livres de pensamento, relacionam sentidos”.