Comemora-se esta terça-feira o Dia Mundial da Hemofilia, uma doença crónica e uma deficiência congénita no processo de coagulação do sangue. De transmissão genética, ligada ao cromossoma X, aparece quase exclusivamente nos indivíduos do sexo masculino e caracteriza-se pela ausência ou acentuada carência de um dos factores da coagulação (VIII – Hemofilia A ou IX – Hemofilia B).
Por este motivo, a coagulação é mais demorada ou inexistente, provocando hemorragias frequentes, especialmente a nível articular e muscular. As pessoas com hemofilia que não têm actividade (0%) de um dos factores VIII ou IX sangram espontaneamente e estão sujeitas a frequentes hemorragias profundas, nos músculos e nas articulações, considerando-se gravemente afectados.
As pessoas com hemofilia com 1 a 5% de actividade dos factores VIII ou IX estão afectadas mais moderadamente e as hemorragias são geralmente causadas por lesões. Com 5% ou mais de actividade, a hemofilia é considerada leve e muitas vezes só é diagnosticada tardiamente quando ocorre algum acidente grave ou intervenção cirúrgica.
A hemofilia afecta cerca de 400 mil pessoas em todo o mundo. Em Portugal existem 641 pessoas registadas na Associação Portuguesa dos Hemofílicos (APH) e diagnosticadas com a doença.
“Mesmo os hemofílicos com casos mais graves podem, de qualquer modo, fazer uma vida normal, com restrições a nível de desportos radicais e esforços físicos violentos”, disse ao JPN Ofélia Alves, médica do Instituto Português do Sangue, do centro regional do Porto. “Têm que fazer as suas prevenções para não terem as crises e saber reconhecer os sintomas de crise de hemorragia para se poder tratar o mais precocemente possível”, acrescentou.
Para além de poderem viver o seu dia-a-dia de uma forma normal, a prática de exercício físico regular (excepto os desportos mais violentos), como a natação, é recomendada para aumentar a qualidade de vida do portador da doença.
David Dourado, presidente da APH, disse, em comunicado, que, “ao contrário do que se possa pensar para esta patologia, o exercício regular é a chave para manter um estilo de vida saudável para crianças e adultos com hemofilia”.
“A actividade física regular e orientada ajuda a fortalecer os músculos e contraria os efeitos das hemorragias e os danos articulares, e é também uma forma importante para fortalecer o sistema músculo-esquelético”, realçou o presidente da APH.