A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) realizou esta quarta-feira, um simpósio sobre exercício físico e a ligação deste com a fadiga neuro-muscular, o stress oxidativo e o cancro.
“Para os alunos do primeiro ano, organizamos um conjunto de seminários, e este é à volta de um assunto que interessa quando se está a estudar a bioquímica, que é o exercício físico, que também tem implicações a nível de saúde, o que é muito importante para quem vai ser médico”, disse ao JPN João Tiago Guimarães, docente da FMUP e moderador do simpósio.
António Ascensão, professor da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP), abordou o tema da fadiga neuromuscular no exercício, tendo como exemplo o futebol. “Há alguns mecanismos bioquímicos e fisiológicos, associados à incapacidade de manter a performance, no tempo. Ou seja, porque é que não corremos 100 metros sempre à mesma velocidade ou 400, 500 ou mil metros com a mesma velocidade que corremos os 100 metros. Isso é a fadiga muscular”, explicou.
Outra temática abordada foi a ligação do exercício físico ao “stress” oxidativo. Segundo as investigações mais recentes, a prática de desporto “tem influência na produção de espécies reactivas de oxigénio e nitrogénio”, disse José Magalhães, docente da FADEUP.
As espécies reactivas de oxigénio (ERO) incluem os radicais de oxigénio e têm propriedades oxidantes no ambiente celular. Numa primeira fase foram atribuídas às ERO apenas características negativas, sendo reconhecido o seu envolvimento na etiologia de muitas doenças, especialmente as associadas com o envelhecimento.
Actualmente atribuem-se funções relevantes na célula a estas espécies. O papel desempenhado pelas ERO é dependente da sua concentração, ou seja, concentrações baixas têm uma função fisiológica, concentrações altas, que são originadas pelo “stress” oxidativo, são perigosas.
Abordou-se ainda a importância da prática de desporto para a prevenção das doenças oncológicas e como coadjuvante terapêutico. “O exercício e um estilo de vida mais activo têm uma relação com a prevenção de alguns tipos de doenças oncológicas, de alguns tipos de tumores”, disse ao JPN José Soares, professor de fisiologia da FADEUP.
“Mas venho falar também de uma área muito recente, que é o exercício como coadjuvante terapêutico. Seja durante as fases de quimioterapia ou de radioterapia, o exercício parece ter efeitos muito benéficos na ajuda ao tratamento”, sublinhou José Soares.