De forma a cumprir “uma das propostas mais ambiciosas do programa de Governo e do Plano Tecnológico”, o primeiro-ministro, José Sócrates assegurou, esta sexta-feira, no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), que o investimento do Governo em ciência e investigação vai aumentar até ao final da legislatura.
“Em 2009, 1% da riqueza nacional será investido em investigação e desenvolvimento, honrando o nosso compromisso”, anunciou Sócrates durante a cerimónia que assinalou o lançamento do concurso internacional para a contratação de 1000 investigadores doutorados por instituições científicas portuguesas.
De acordo com o primeiro-ministro, este concurso “é um sinal da aposta forte que o Governo tem feito nesta área”, cujo financiamento, ao contrário de outros sectores, “aumentou 64%” em relação ao ano passado. Por isso, “a política de investimento na ciência é para continuar”.
“Não há receita mágica para o crescimento económico, mas todos sabemos que nenhum país teve sucesso sem investir na qualificação do seu povo”, sulinhou. E insistiu: “Um dos objectivos do Plano Tecnológico foi sempre mais investimento em ciência, que não é conjuntural mas se destina a ter um resultado ao longo de muitos anos”.
Depois de afirmar que se deslocou ao Porto para transmitir “uma palavra de confiança às empresas de investigação”, Sócrates dirigiu-se aos investigadores presentes no auditório do IPATIMUP: “É neste Portugal que queremos apostar, o Portugal inovador, que não tem medo da concorrência internacional e que é força de desenvolvimento”, afirmou o primeiro-ministro, que no início da cerimónia visitou ainda os laboratórios da instituição onde ficou a conhecer um projecto que está em vias de descobrir uma terapêutica alternativa para o cancro do estômago.
Estímulo para o desenvolvimento
Já o ministro da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, sublinhou a importância do concurso para “estimular e reforçar” o desenvolvimento científico e a “competitividade internacional”.
Nos termos do concurso internacional, os doutorandos a contratar, nacionais ou estrangeiros, devem ter pelos menos três anos de experiência e produção científica relevante pós- doutoramento. O júri de cada concurso deverá integrar especialistas de indiscutível reputação e cientistas exteriores à instituição, incluindo especialistas de instituições científicas de outros países.
Actualmente, estão seleccionadas 60 instituições em todo o país, entre as quais o IPATIMUP, que vão disponibilizar um total de 629 vagas, um número que pode aumentar, garantiu Mariano Gago.
Depois de enumear outras medidas para a criação de emprego na área da ciência, como o aumento do número de bolsas de doutoramento e pós-doutoramento e de parcerias com instituições internacionais, Gago destacou o crescimento de 20% do número de investigadores doutarados em centros de investigação e desenvolvimento entre 2004 e 2006 e o aumento de 33% do número de bolseiros nos últimos dois anos. O que explica, segundo o responsável, a “dinâmica recente das instituições científicas”.
O ministro anunciou que na próxima semana “algumas das mais importantes empresas portuguesas” vão juntar-se ao programa “MIT-Portugal” “multiplicando assim o seu impacto económico e social”.
Gago fez ainda questão de ler alguns elogios que foram feitos nos relatórios das avaliações realizados pelas instituições internacionais com as quais o Estado português estabeleceu parcerias. “Urge que à confiança que os outros depositam no nosso desenvolvimento responda, sem hesitações, a confiança de todo o país no seu próprio futuro”, apelou o ministro.