44,5 milhões de franceses decidem, este domingo, quem passa à segunda volta das eleições presidenciais. Nicolas Sarkozy, o candidato da direita, e Ségolène Royal, da esquerda, são os candidatos mais bem colocados para passar ao segundo “round”, marcado para 6 de Maio.
Mas pode haver surpresas. Muitos analistas acreditam que o centrista François Bayrou ou o radical da direita Jean-Marie Le Pen têm hipóteses de ganhar um lugar, sobretudo o de Royal.
De acordo com vários estudos de opinião, a candidata do Partido Socialista Francês surge em segundo lugar atrás de Sarkozy, líder da União para um Movimento Democrático, com uma diferença entre 1 e 6,5 pontos.
Quanto aos outros candidatos, uma sondagem da CSA dava, na sexta-feira, Le Pen, da Frente Nacional, com 16,6% das intenções de voto, que o colocavam no terceiro lugar, que durante cerca de dois meses pertenceu a Bayrou, da União para a democracia Francesa.
As incertezas quanto aos resultados, contudo, continuam a ser alimentadas pela abstenção: 17 milhões de franceses dizem estar ainda indecisos em quem votar no sucessor de Jacques Chirac. No espectro político francês, teme-se a repetição das eleições de 2002, quando o socialista Lionel Jospin, então primeiro-ministro, foi afastado à primeira.
Tudo está em aberto numa eleição que muitos franceses classificam como das mais importantes de sempre. “Fecha um ciclo, abre-se um novo, decisivo”, escrevia há dias o diário “Le Monde”. “Mudança” é a palavra mais repetida pelos doze candidatos à corrida presidencial.
Quatro para dois lugares
Certo é que Sarkozy parece o mais bem colocado para a “finalíssima” de 6 de Maio, apesar de algumas pesquisas, ao longo das últimas semanas, terem avançado um empate técnico com Royal. O candidato conservador usou um discurso enérgico, apresentando-se como o homem que quer restabelecer a autoridade do Estado, com especial ênfase em valores como a segurança e o liberalismo económico.
Ensombrada por cenários que aventaram a hipótese de não conseguir passar ao segundo turno, Ségolène apelou, com insistência, à mobilização do eleitorado da esquerda, embora não tenha deixado de acenar ao centro ao manifestar, por exemplo, o desejo de ver todos os franceses a cantar “A Marselhesa”.
Já Bayrou teve o êxito de se apresentar como uma figura equidistante dos dois grandes partidos e de se posicionar como independente, favorecido por uma imagem de um homem que deseja unir os franceses num Governo pluralista.
Le Pen sonha em repetir a surpresa de 2002, mantendo o seu discurso tradicional contra a imigração, embora se tenha mostrado menos conservador na sua visão da Europa.
Numa campanha virada para dentro, a diplomacia foi pouco abordada pelos candidatos, num dos países fundadores da União Europeia. O caminho para o Eliseu passou pela discussão da política interna, como a segurança e o desemprego.