Como é que tem visto as polémicas em torno do Metro do Porto?
Vamos ter um novo quadro comunitário de apoio e temos a possibilidade de desenvolver o metro e tudo isto está a atrasar o processo. O Governo tem tido dois pesos e duas medidas relativamente ao metro de Lisboa e do Porto. Não consegue compreender que o metro de superfície é diferente do metro subterrâneo, na medida em que o modelo construtivo, sendo mais barato, obriga a um investimento adicional que tem a ver com a beneficiação das partes da cidade onde o metro passa e que isso é um custo que faz parte do próprio metro. Nessa medida, há razão de queixa relativamente ao Governo.
A empresa Metro do Porto está a ser bem gerida?
Quando olhamos para aquilo que tem sido a gestão do metro, para aquilo que têm sido os custos de inserção urbana, podemos discutir se alguns deles não foram desnecessários, se não têm utilizado pelos autarcas para fazerem obras sumptuárias. Em 90% dos casos, acho que é uma crítica injusta. Até porque o metro tem que ser bonito, bem instalado, já que passa no meio da cidade.
Então, não concorda com a intenção do Governo em retirar a gestão da empresa aos autarcas?
Não concordo, porque aquilo que o Governo diz actualmente é que a gestão do metro na mão dos autarcas está demasiadamente politizada. Não conheço nenhuma mudança feita pelo Governo na administração de uma empresa pública que não fosse por critérios políticos. Aliás, na actual situação, o Governo tem um poder enorme sobre a empresas, tem a “golden share”. A prova disso é que não se pode construir nenhuma linha sem a sua aprovação, não se pode aprovar um orçamento nem fazer uma nomeação no Conselho de Administração sem a concordância do Governo. O Governo gostaria de ter uma administração do metro composta por cinco amigos do Ministério das Obras Públicas.