As subvenções para as cirurgias de banda gástrica vão aumentar de 2.900 para 4.500 euros, numa tentativa de as tornar mais atractivas para hospitais públicos e privados, anunciou o director-geral de Saúde, Francisco George, na apresentação da Plataforma contra a Obesidade.

Citado pela Lusa, Francisco George disse ainda que a prioridade dada à redução das listas de espera para a cirurgia bariátrica (para colocação da banda gástrica) será equiparada aos sectores oncológico e de doenças cardiovasculares.

No entanto, a solução cirúrgica foi caracterizada como o “fim da linha” no combate à obesidade e uma “excepção” devido aos seus múltiplos riscos. Ao abrigo da plataforma, será criada uma comissão nacional para avaliação da cirurgia bariátrica, especificando os critérios de acesso.

Ângelo Ferreira, cirurgião do Hospital de São João no Porto, vê com bons olhos esta medida e adianta que “existem outras cirurgias como o ‘bypass’, que é mais eficaz e que deveria também ser comparticipada”. O cirurgião defendeu ainda que, “para além da comparticipação da cirurgia de banda gástrica, o ministério também deveria comparticipar dos medicamentos e reduzir os seus custos”.

O ministro da Saúde, Correia de Campos, sublinhou durante a apresentação da Plataforma contra a Obesidade que a estratégia de combate à doença tem que ter um carácter “claramente multi-sectorial”. “Ganha a saúde dos portugueses e quem se aliar” ao Governo no combate à obesidade, por exemplo, a indústria alimentar, defendeu.

A Plataforma Contra a Obesidade visa reduzir a incidência da pré-obesidade e obesidade e a sua prevalência em crianças, adolescentes e adultos, assim como reduzir o número de reincidentes de obesos tratados.

Para conseguir essas metas, será controlado, por via legislativa, o perfil nutricional dos alimentos produzidos pela indústria alimentar. Será ainda regulamentada a disponibilidade de alimentos com alto teor calórico, sal, açúcar nas escolas, serviços públicos e empresas e será promovida a reformulação dos rótulos das embalagens de alimentos. Haverá ainda legislação sobre marketing e publicidade de alimentos dirigidos a crianças e adolescentes.

Está também prevista a criação, a título experimental, de consultas multidisciplinares em alguns centros de saúde que incluam nutricionistas, fisiologistas e psicólogos, assim como um módulo apropriado na linha telefónica do Serviço Nacional de Saúde.

Aos municípios pede-se que adoptem orientações em matéria de urbanismo promotoras da actividade física, prevendo nos Planos Directores Municipais (PDM) locais públicos para a prática de exercício, actividades físicas e desportivas, entre parques, passeios pedonais e ciclovias.