Os franceses regressam este domingo às urnas para escolher quem será o sucessor de Jacques Chirac. A acreditar nas sondagens, Nikolas Sarkozy será o próximo presidente de um país que olha para estas eleições como a grande oportunidade para se reerguer e levantar-se de uma crise – social e económica, sobretudo – em que está mergulhado desde há muito tempo.

15 dias parecem, por isso, não ter bastado para Ségolène Royal convencer a França a escolher, pela primeira vez, uma mulher para comandar os seus destinos. A última fase da campanha, a aproximação a François Bayrou para conquistar votos do centro e a boa prestação da candidata no frente-a-frente com “Sarko” – no qual muitos previam que fosse “esmagada” – voltaram a lançar esperança pela família socialista.

Mas depressa as sondagens travaram a euforia: o “Le Figaro” e o “Le Parisien” atribuíram a Sakorzy 54,5 e 53% dos votos, respectiavamente, deixando Ségolène com 45,6 e 47%, quando chegou a ter 49% logo a seguir à primeira volta.

Números que levaram a representante socialista a jogar forte e a endurecer o último dia de campanha. Voltou a apelar à mobilização dos franceses, alertando para o perigo que representa a vitória de Sarkozy pelo risco de que a França volte a cair na “brutalidade e ruptura social”.

“Se Sarkozy ganhar, haverá tensões muito fortes no país, porque multiplicou as provocações e as violências verbais, em especial diante dos bairros populares”, perspectivou Ségolène no comício na Bretanha, a que se seguiu uma entrevista à France 3, durante a qual voltou a lembrar a difícil relação do candidato da União para um Movimento Popular (UMP) com os bairros da periferia das grandes cidades.

Sarkozy tranquilo

Na direita reina a confiança – inabalável, já que há muitos meses que as sondagens lhe atribuem a vitória com uma vantagem confortável – e muitos acreditam que o candidato conservador pode obter uma vitória expressiva, muito semelhante àquelas que François Mitterrand e Charles de Gaulle tiverem em 1988 e 1965, respectivamente, naquelas que foram os recordes dos duelos entre a esquerda e a direita.

Mesmo com a vitória tão perto, Sarkozy prefere optar pela prudência, para não correr o risco de desmobilizar o seu eleitorado, e não respondeu directamente aos ataques de “Ségo”, classificando-os de “injuriosos” e que revelam a “tensão” e o “desespero” da candidata.

“Ela não está bem disposta. Dever ser das sondagens”, declarou o representante da UMD, insistindo que Ségolène “está a acabar com a violência, num certo estado febril”.

Há quem considere, contudo, que nada está decidido, apoiando-se nos 30% dos votos de Bayrou que, diz-se, podem ajudar a determinar o próximo residente do Palácio do Eliseu, votando num dos candidatos ou abstendo-se. A última palavra cabe, pois, aos 44,5 milhões de franceses que se prevê que voltem a participar em massa numa das eleições que mais atenções despertaram na história do país.