O Governo quer classificar o desempenho do Ensino Superior. A criação de um “ranking” das universidades públicas e privadas e dos politécnicos surge no âmbito na nova lei de avaliação do Ensino Superior, já aprovada em Conselho de Ministros e que vai ser apresentada esta quarta-feira por Mariano Gago no Parlamento.
O ministro da Ciência e Ensino Superior, citado pelo “Diário Económico”, considera “incompreensível” que não exista um sistema de “ranking” de universidades em Portugal. O Presidente da República, Cavaco Silva, encara a proposta como algo que “já existe a nível internacional e que, com certeza, chegará a Portugal”.
De acordo com Mariano Gago, o “ranking” vai comparar as diversas instituições de ensino superior de modo a classificá-las com base em vários critérios, como por exemplo o “sucesso escolar ou a qualidade científica”.
A hierarquização das instituições de ensino superior visa classificar o desempenho e os melhores e piores cursos. Esta função seria levada a cabo pela Agência de Avaliação e Acreditação para a Garantia da Qualidade do Ensino Superior, também criada pelo Governo.
O “ranking” das universidades está integrado na reforma do ensino superior. Citado pela Lusa, Cavaco Silva referiu, nesta terça-feira, no Colégio dos Carvalhos, em Gaia, que a reforma nas universidades portuguesas deve ter como objectivo principal afirmar as instituições como “escolas de excelência, com nível internacional”.
Se o Governo concretizar a iniciativa de divulgar um “ranking” das universidades, Portugal será o primeiro e único país da Europa a contar uma lista oficial de instituições de ensino superior.
”Este não é caminho”
“Não simpatizamos nada com a ideia, não cabe a um organismo do Estado produzir ‘rankings’. Este não é o caminho”, disse ao JPN o coordenador da Federação Nacional de Professores (Fenprof), João Cunha Serra.
A Fenprof acredita que deve existir a necessidade “avaliar todas as dimensões das universidades e atribuir uma avaliação qualitativa”. “O que não faz sentido é passar a uma fase quantitativa”, explica o coordenador.
Uma das questões fulcrais defendidas pela Fenprof é a “padronização” das instituições. “Há uma diversidade nas instituições, que têm missões diferentes, não faz sentido atribuir a esta riqueza um número, uma padronização”. “Não se pode condensar a riqueza das instituições num número”.
No que toca a outros pontos da reforma do ensino superior, a Fenprof discorda com a adopção do modelo de fundações, em que as universidades deixam de pertencer ao Estado e passam a ser fundações públicas de direitos privados. “É um modelo que não se adapta a nossa cultura e que vai contra a autonomia das instituições”, refere.
Já quanto à criação de regras iguais para instituições públicas e privadas, João Serra Cunha defende que “o Estado tem a obrigação de exigir a mesma qualidade ao ensino público e ao privado”. “A verificação de qualidade deve obedecer parâmetros comuns. São instituições distintas em termos de gestão mas estão no mesmo campo”.