Foram peças fundamentais na conquista do título do ano passado e voltaram a sê-lo na revalidação. Hélton foi rei na baliza; Pepe foi o chefe da defesa, onde Bosingwa também se destacou; no meio-campo mandou Paulo Assunção; e no ataque Quaresma deu arte e magia ao futebol do bicampeão.
Helton: do Dragão para o escrete
Se na temporada anterior dividiu com Vítor Baía a titularidade, desta vez a baliza teve um só dono. Dono de uma elasticidade e reflexos fantásticos, muito seguro a sair dos postes e com uma técnica de fazer inveja a muitos jogadores de campo, Helton realizou um ano notável – sofreu 24 golos em 40 jogos, quase meio golo por jogo – e que o tornaram preponderante na conquista do bicampeonato.
Prova disso foi a chamada à selecção do Brasil, em que depressa saltou do banco para a titularidade. Um prémio justo para aquele que é um dos melhores guarda-redes da actualidade.
Pepe: um senhor central
Em duas épocas cresceu como nunca o tinha feito em sete que leva como profissional de futebol. Pepe é hoje um dos centrais mais bem cotados no mercado internacional, cobiçado pelos maiores clubes europeus. Veloz, muito forte fisicamente, com uma excelente leitura de jogo e insuperável no um para um, o central coleccionou este ano mais um outro trunfo: golos. Marcou quatro, um deles que valeu o empate na Luz.
Para além disso, o espírito de liderança inato foi fundamental para uma defesa desfalcada muito cedo de um outro líder, Pedro Emanuel. Pepe foi mesmo o patrão da defesa do bicampeão e para muitos o melhor jogador da época.
Bosingwa: afirmação lateral
“Não vás tanto, Zé”. As palavras saíram da boca de Jesualdo Ferreira quando Bosingwa se preparava para fazer mais um “sprint” e ilustram na perfeição a temporada do lateral direito. A velocidade é uma das suas grandes armas, que lhe dá liberdade para subir no flanco com grande à vontade e que compensa algumas fragilidades defensivas naturais para um defesa que há dois anos atrás actuava no meio-campo.
Ainda a aperfeiçoar algumas características essenciais à sua posição – como a qualidade dos cruzamentos – Bosingwa caminha a passos largos para a afirmação total. A próxima época pode mesmo ser a da consagração.
Paulo Assunção: o equilibrador
Não é um jogador fino, de grande recorte, mas é um lutador nato, que entra qualquer batalha como se fosse a última. Com um espírito de sacrifício notável – bem visível no jogo com o Benfica, na Luz, em que jogou 45 minutos lesionado – Paulo Assunção é mesmo um atleta que encarna na perfeição a mística do Dragão.
Esta época, voltou a destacar-se como o grande pêndulo da equipa, com um índice de recuperação de bolas altíssimo e uma capacidade de “destruição” de jogo extraordinária. A ele deve-se muito a boa prestação da defesa azul e branca.
Quaresma: mágico a espaços
À falta de Anderson, coube-lhe assumir o papel de mágico da equipa. Quaresma, fantasista e imprevisível, sempre de olhos postos na baliza, não tira coelhos da cartola, mas faz números impossíveis com a bola nos pés, sejam fintas que trocam os olhos aos adversários, sejam golos fantásticos.
Com 15 assistências, muitas delas de trivela, a sua grande imagem de marca, o sete portista foi a principal referência do ataque portista. E apesar de ter sido o ano em que mais golos festejou – oito, no total -, a Quaresma faltou a regularidade necessária para se poder dizer que foi a sua melhor época da carreira. Mas sua a magia, ainda que em espaços, foi decisiva naquele que foi o seu décimo título como profissional.