O que têm em comum Bruno Alves, Fucile e Postiga? Para além de se terem sagrado bicampeões nacionais, partilham o título de jogadores em quem poucos apostavam como pedras fulcrais do FC Porto bicampeão. O central era um dos mal-amados dos adeptos, o lateral era um perfeito desconhecido do futebol português e o avançado nem sequer pertencia ao plantel, até ser chamado por Rui Barros.

Bruno Alves: o bom gigante

O regresso ao sistema com dois centrais e a lesão prolongada de Pedro Emanuel abriram uma vaga ao lado do indiscutível Pepe. Quando todos esperavam que fosse o capitão Ricardo Costa, Jesualdo Ferreira lançou Bruno Alves à segunda jornada e o central nunca mais saiu da equipa.

Bruno Alves agradeceu a aposta do treinador e justificou-a por inteiro. Colocou os seus melhores argumentos em campo – a elevada estatura e o excelente jogo de cabeça – e rapidamente tornou-se um indiscutível no onze dos “dragões”, formando com Pepe uma das melhores e mais completas duplas da Liga. Se o brasileiro é fortíssimo no um-para-um, o português é quase imbatível no ar.

Com 28 jogos realizados na Liga, o camisola 14 portista foi o terceiro jogador mais utilizado no plantel, marcando dois golos, o que fazem desta a sua melhor temporada da carreira e que pode mesmo terminar em ouro, com uma (justa) chamada à Selecção Nacional.

Fucile: um lateral moderno

Foi a última aquisição da pré-temporada e a menos conhecida. Proveniente do Liverpool de Montevideu, Jorge Fucile foi contratado para discutir o lado direito da defesa com Bosingwa, mas foi no lado contrário que o urugaio se revelou: forte a defender, sem medo de atacar e com um excelente sentido posicional.

Características que fazem de Fucile um lateral moderno, mas que demoraram a convencer o treinador a oferecer-lhe um lugar no onze. Estreou-se pelo FC Porto em Alvalade, onde mostrou qualidades que lhe valeram, a partir uma chamada regular à equipa, alternando com Cech, a posição de lateral esquerdo.

A larga margem de progressão de um jogador que tem apenas 22 anos, e a ascensão repentina na equipa, foram motivos suficientes para convencer a SAD portista a comprar o seu passe, muito antes de terminar o prazo do empréstimo.

Postiga: de dispensável a goleador intermitente

Dispensado por Co Adriaanse, recuperado por Rui Barros e reabilitado por Jesualdo. Em poucas palavras pode descrever-se o percurso de Postiga na sua quinta época com a camisola principal dos dragões, que começou da melhor forma, mas terminou em queda.

Postiga continua com o eterno problema que o torna um avançado irregular, capaz do melhor e do pior: se a equipa está bem, ele também está; se não está, Postiga segue-lhe o caminho. E assim se explica porque o vila-condense marcou nove golos até Dezembro, contribuindo de forma decisiva para a fase mais brilhante dos azuis e brancos, e na segunda volta festejou apenas um.