Cerca de 250 mil alunos foram esta terça-feira submetidos à prova de aferição de Português, que tem como objectivo, segundo o Ministério da Educação (ME), verificar a qualidade das aprendizagens, a adequação dos programas e a conformidade das práticas pedagógicas.

No entanto, os professores discordam “com alguns dos aspectos do modelo que está a ser implementado”. Paulo Feytor Pinto, da Associação de Professores de Português (APP), diz que “ao longo de oito anos os resultados não são conhecidos atempadamente e uma prova cujos resultados vêm tarde ou não vêm não interessa”.

Apesar de concordar com as provas de aferição, Paulo Feytor Pinto aponta três aspectos negativos: “Primeiro, os resultados não se sabem a tempo e horas; segundo, o programa não é avaliado todo; e terceiro, a grande previsibilidade pode fazer com que os alunos aprendam a responder a testes e não a aprender o programa”.

Professores receiam que sejam avaliados pelas provas

Outra das críticas por parte dos professores ao ME é que as provas de aferição possam ser usadas como instrumento de avaliação e classificação dos próprios docentes. A presidente da Associação de Professores de Matemática (APM), Rita Bastos, esclarece que os professores têm receio que isso aconteça porque “confiam pouco neste ministério”.

A partir de hoje, as provas de aferição deixam de ser feitas por amostragem. Todos os alunos do ensino público e privado são submetidos às provas. Os resultados serão afixados posteriormente nas escolas mas não contam para avaliação. Este ano, o ME exige que todas as escolas depois de divulgarem os resultados façam um relatório de avaliação com análise do desempenho dos alunos da escola e um plano de acção.

“A avaliação devia ter por objectivo melhorar o sistema e não classificá-lo, nem fazer rankings que são perversos em termos de efeitos. Ao estarmos a dar classificações e a fazer rankings, estamos a desvirtuar [o objectivo das provas]. Por isso, estas provas não servem para nada.”, explica Rita Bastos.

Português (que decorreu hoje) e Matemática (quinta-feira) são as únicas provas de aferição feitas aos alunos, o que leva o presidente da APP a questionar a importância das restantes disciplinas no sistema educativo.

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) emitiu um comunicado onde diz que as provas de aferição “estão a gerar um clima de perturbação nas escolas e a provocar o protesto dos professores”. Acrescenta ainda que as referidas provas “estão a pôr em causa o próprio trabalho dos professores, que ficarão sujeitos a um acréscimo de trabalho”.