São quase quatro anos de uma guerra que conheceu avanços e recuos e que se tornou num dos temas de maior debate na Universidade do Porto. Nas últimas eleições para a reitoria, foi um dos assuntos que dividiu os dois candidatos. José Marques dos Santos, entretanto eleito, afirmou em entrevista ao JPN que só aceitaria o Centro Desportivo Universitário do Porto como unidade orgânica da universidade. Mas o certo é que, passado um ano, ainda não há solução para um clube cuja história se confunde com a da própria UP.

Foi nos finais de 2003 que tudo começou. Luís Miguel Ribeiro era na altura o presidente do clube e preparava-se para assumir mais um mandato à frente do CDUP, depois de ter sido convidado pelo então reitor José Novais Barbosa.

“De um dia para o outro os funcionários desapareceram, foram retirados do CDUP e passaram para os Serviços de Acção Social (SASUP). A partir daí deixámos de receber o subsídio a que a reitoria, por contrato que assinou de sua livre e própria vontade, está obrigada”, conta ao JPN o último presidente do CDUP.

A justificação da reitoria para a denúncia do comodato era a de que os estudantes não usufruíam da totalidade dos serviços e equipamentos do CDUP que estaria mais interessado no desporto federado. “Nós conhecemos o prestígio que o clube tem, a ligação que teve sempre com a universidade, mas é impensável continuar a ter subsídios de 100 mil contos para um clube que tem 10 ou 15 atletas da UP”, defende Manuel Janeira, pró-reitor da UP.

Luís Miguel Ribeiro, por seu turno, avança com outros números: “Nunca houve tão poucos alunos a praticar desporto no CDUP. Basta olhar para frequência das piscinas: tínhamos mais de 200 utilizações mensais”, sublinha.

Clube sem presidente

De acordo com o ex-presidente, o financiamento da UP era aplicado nas despesas correntes e na melhoria das instalações.

“Essa foi outra das questões que nós equacionamos. As instalações estavam degradadíssimas antes de avançarmos para o cancelamento do protocolo, o que nos levou a colocar esta questão: então nós mandamos para aqui este dinheiro todo e as instalações continuam naquele estado?”, explica Manuel Janeira, que recorda ainda que o CDUP alugava os espaços a alunos que não pertenciam à UP. “Era um regabofe”, sintetiza.

A quebra do contrato que ligava as duas instituições significou também a demissão da reitoria de sócio colectivo, criando uma vazio na estrutura directiva do CDUP, uma vez que os estatutos do clube determinam que cabe ao reitor da UP (o presidente da Assembleia Geral), nomear o presidente.

Com a saída de Luís Miguel Ribeiro, a direcção teve que se manter em funções, já que os estatutos prevêem que a direcção eleita tem que continuar a assegurar o funcionamento do CDUP. Ou seja, o clube neste momento não tem presidente, apenas um “vice”, cargo que é ocupado por João Tiago Silva.

“O que se está a tentar fazer é estudar uma nova proposta que se vai apresentar em assembleia geral para se alterarem os estatutos e ser mais fácil convocar eleições”, revela João Tiago Silva.