Localizado numa zona nobre, com uma vista privilegiada sobre a cidade, rodeado de uma extensa vegetação ideal para a prática de desporto. Este seria o anúncio perfeito para o Estádio Universitário do Porto se as suas instalações – um campo relvado, um pavilhão multiusos e uma pista de tartan para atletismo – não estivessem a implorar por obras urgentes de recuperação.

Nos invernos rigorosos, o relvado mais parece um lago devido a um deficiente sistema de drenagem e os balneários não têm condições mínimas de conforto. A pista de tartan, que começa a ser invadida pela natureza, também precisa de uma intervenção cuidada. E o pavilhão, esse, pede por uma recuperação total. Um pouco por todo o lado repete-se o aviso: “Não há água”.

O proprietário, o Centro Desportivo Universitário do Porto (CDUP), não vive: sobrevive. “Tem que se melhorar tudo”, admite João Tiago Silva, vice-presidente do clube.

Ao estado de degradação daquele que é um dos maiores complexos desportivos da cidade, junta-se uma série de dificuldades naturais para um clube que passa pela maior crise da sua história, provocada por um conflito com a Universidade do Porto (UP) que se estende há quatro anos.

Faltam funcionários

O conflito tirou dinheiro ao CDUP e, principalmente, estudantes universitários. “Há cada vez menos pessoas a utilizar as instalações”, reconhece João Tiago Silva.

Os torneios outrora realizados em parceria com as associações de estudantes das várias academias da UP praticamente acabaram. E só o aluguer das instalações a escolas e os cursos de natação, ginástica localizada, aeróbica e artes marciais permitem gerar receitas, que, segundo o vice-presidente, permitem manter as portas abertas.

“O que temos feito ultimamente é, não tendo funcionários – temos algumas pessoas que, quase por carolice, nos vão ajudando – tentar manter as instalações abertas, com o mínimo de condições para que os universitários possam alugá-las para realizar as suas actividades pontuais, visto que não há grandes actividades organizadas, tirando as do desporto federado”, revela João Tiago Silva.

E os resultados das 10 modalidades que neste momento integram a estrutura do CDUP até têm tido bons resultados: a equipa de rugby feminino venceu a Taça de Portugal, a de voleibol, “apesar das condições de treino”, não desceu de divisão e a equipa de natação até foi promovida à segunda divisão.

“De certeza que com outras condições conseguiríamos fazer melhor, mas limitados às condições que temos, acho que, pelo facto de não acabarmos e de continuarmos a apresentar resultados, já é uma vitória muito grande”, enaltece João Tiago Silva.