Em 2006, no distrito do Porto, o número de mulheres a recorrer à ajuda da União das Mulheres Alternativa e Resposta aumentou em 50% em relação ano anterior.

A prevenção e o combate à violência doméstica constituem uma das grandes áreas de trabalho da UMAR. A vice-presidente, Maria José Magalhães, realçou, esta quinta-feira, em conferência de imprensa, que o mais importante é levar a cabo um atendimento integrado às mulheres vítimas de violência.

Em 2006, foram apoiadas 134 mulheres e as suas crianças neste processo de autonomização. Este valor corresponde a um aumento de 50% em relação ao ano anterior. Os associados prevêem mais utentes neste ano, mas receiam falta de financiamento.

Maria José Magalhães distinguiu três tipos de prevenção: a primária permite evitar que se gere violência, a secundária intervir caso haja violência e a terciária ajudar as vítimas que se encontram em situações extremas, em que a única solução é abandonar os próprios lares.

A filosofia de atendimento é intervir de maneira integrada, seguir e orientar as vítimas até à sua autonomia. A interacção entre o campo jurídico, social e psicológico é fundamental no apoio às vítimas.

Vítimas entre 30 e 50 anos

As mulheres ainda ponderam se vale ou não vale a pena apresentar queixa. A disparidade entre o fenómeno social real e a visibilidade dele a que se tem acesso é grande. O número de vítimas é elevado em vários distritos, mas depende da esfera social em que se inserem.

As vítimas têm sobretudo entre 30 e 50 anos e são maioritariamente casadas. 13% são divorciadas e 2% separadas. “Do ponto de vista das habilitações literárias, 6% destas mulheres tem curso superior e profissões técnicas superiores, de altos cargos”, referiu Maria José Magalhães.

A organização criou, em 2006, um programa para jovens e adolescentes, cobrindo várias escolas EB 2, 3 do distrito e um total de 2.343 alunos.

Como mencionou Ana Paula, mestre em Ciências da Educação, nas aulas de Formação Cívica, alia-se a arte, a música, a dança e a pintura para acabar com estereótipos de género e mitos. Em Aldoar, está também a ser levada a cabo uma intervenção comunitária, com as famílias e os professores, para lhes incutir o gosto pelo estudo. Com a ambição de continuar durante mais três anos e noutras escolas, orientam alunos problemáticos e que tentam deixar a instituição.

A continuidade do projecto em Baguim do Monte, Valbom e Sobreira depende, principalmente, da quantidade de voluntários. “Se tivermos possibilidades e financiamento, poderemos retomar o trabalho que fizemos em Gaia, em duas escolas, e em Paranhos, no Porto”.

Dificuldades financeiras

A UMAR encontra-se com grandes dificuldades financeiras. O projecto actual PR’ATI já não tem verbas e os associados da organização lutam para providenciar uma resposta no distrito do Porto.

Desde 2003 que a UMAR providencia um serviço de prevenção e atendimento a mulheres vítimas de violência, assim como aos seus filhos. Com dois projectos financiados, foi-lhes possibilitada a oportunidade de responder de uma forma profissional, sistemática e consistente às necessidades das vítimas.

A UMAR aguarda financiamento por parte da Segurança Social e de outros organismos que considerem o seu trabalho relevante e que valha a pena ser financiado. “Precisávamos de ter um centro de atendimento, com técnicos das diferentes áreas: jurídica, social, psicológica e de animação cultural”.

”Umar-te assim perdidamente”

O leilão “Umar-te assim perdidamente” é uma das iniciativas de angariação de fundos para garantir as necessidades das vítimas. Realiza-se a 6 de Julho, às 21h30, em Aldoar. A arte é o mote, o objectivo promover a justiça social.