A capital francesa foi palco, esta segunda-feira, de uma conferência sobre a crise em Darfur. 18 países, na maioria ocidentais, e seis organizações não-governamentais discutiram a situação de Darfur. A região oeste do Sudão vive a pior crise humanitária do mundo, segundo a ONU.

“Existe uma pequena luz ao fim do túnel”, declarou o secretário de Estado da França, Bernard Kouchner, na Conferência de Paris. Os países reunidos comprometeram-se a pressionar o governo do Sudão e os diversos grupos guerrilheiros para que no fim do Verão a região possa receber ajuda humanitária da ONU e da União Africana (UA).

As pressões às autoridades de Cartum (capital do Sudão) têm também o objectivo de tentar fazer com que o Governo sudanês e os grupos guerrilheiros assinem um cessar-fogo definitivo.

Cartum considerou a conferência prematura, uma vez que já concordou com a intervenção mista da ONU e da UA em Darfur. Citado pela BBC, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Sudão afirmou que o país está pronto para receber a ajuda em qualquer momento e que concorda com a necessidade de estabelecer a paz na região.

Os países africanos recusaram-se a participar nas conversações por considerarem a iniciativa francesa como uma distracção para os seus próprios esforços na região. O governo sudanês não foi convidado para a Conferência. Recorde-se que em Março passado, a ONU responzabilizou o Sudão pelas atrocidades cometidas na região.

“O silêncio está a matar”

Antes do início da Conferência, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, apelou à comunidade internacional que mantenha uma postura “firme” caso o governo sudanês não coopere com os esforços de paz na região.

200 mil pessoas já morreram no conflito

“O silêncio está a matar”, disse Sarkozy, que sublinhou a necessidade de acção na região e disponibilizou 10 milhões de euros para a ajudar a força da UA. “A falta de decisão e a falta de acção são inaceitáveis”, referiu.

A secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, é da mesma opinião do presidente francês. Rice afirmou que a comunidade internacional não pode continuar a assistir a situação em Darfur. “Precisamos mesmo de redobrar os esforços”, disse.

O governo do Sudão continua a insistir que a dimensão do problema na região está a ser aumentada por motivos políticos.

Quatro anos de conflito

O conflito em Darfur começou em meados de 2003, depois de um grupo de rebeldes ter atacado alvos do governo. Como retaliação, o executivo impôs uma campanha de repressão na região, que vive hoje em cenário de guerra civil.

Mais de dois milhões de pessoas vivem em campos de refugiados e 200 mil pessoas já morreram no conflito.

Os confrontos em Darfur têm origem em questões étnicas. A população do Sudão é, na maioria, de origem árabe, enquanto que o Darfur é constituído por população centro-africana, sobretudo nómadas, e reúne diversas etnias. O governo sudanês e as milícias árabes já foram acusados por refugiados e observadores de estarem a tentar expulsar a população negra daquela região.