Embora se verifiquem “progressos claros”, “falta ainda muito” para o “êxito global” dos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio serem assegurados, afirmam as Nações Unidas no relatório de 2007 da iniciativa.

A Declaração do Milénio das Nações Unidas foi assinada por 192 estados-membros, que se comprometeram a atingir oito metas até ao ano de 2015: reduzir para metade a pobreza extrema e a fome; tornar o ensino primário universal; promover a igualdade de género e capacitação das mulheres; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde maternal; combater o VIH/sida, a malária e outras doenças; assegurar a sustentabilidade ambiental; e promover uma parceria global para o desenvolvimento.

De acordo com o relatório, a quantidade mundial de pessoas que vivem com o equivalente a um dólar por dia baixou de 32% (1990) para 19% (2004), o que significa que a redução para metade da pobreza extrema será atingida se a tendência se mantiver.

O documento defende que é possível progredir “até nas regiões onde os desafios são maiores”, como prova a descida de seis pontos percentuais no número de pessoas extremamente pobres na África Subsariana. O progresso em larga escala na África, segundo o relatório, deve-se à conjunção de políticas fortes e consistentes com o apoio financeiro e técnico internacional.

O relatório indica outros sinais de progresso como o aumento de 80% (1991) para 88% (2005) do número de matrículas no ensino primário nos países em desenvolvimento, a diminuição da mortalidade infantil e da epidemia da tuberculose, e o desenvolvimento de novas tecnologias energéticas sustentáveis.

Estatísticas menos animadoras

No entanto, a taxa de pobreza aumentou para mais de o dobro na Ásia Ocidental e o fosso de pobreza na África Subsariana continua a ser o maior do mundo.

Mais de meio milhão de mulheres continua a morrer todos os anos, devido a complicações tratáveis durante a gravidez ou o parto. O número de mortes devido à sida aumentou 32% e mais de 15 milhões de crianças perderam um ou ambos os pais devido a esta doença.

A emissão de gases com efeito de estufa para a atmosfera também continua a aumentar, segundo dados do relatório.

A representação igualitária das mulheres nas assembleias nacionais é fraca em todos os continentes (incluindo a Europa), excepto na Ásia Oriental, onde é considerada “moderada”.

Países desenvolvidos ajudam pouco

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon afirma, no prefácio do relatório, que os benefícios do crescimento económico não estão a ser distribuídos igualitariamente. A insegurança e instabilidade, devido a conflitos armados ou à sida, estão também a pôr em causa o sucesso desta iniciativa em muitos países, acrescenta Ban Ki-moon.

A relutância dos países desenvolvidos em manter o seu compromisso de ajudar financeiramente os países em desenvolvimento também compromete esta iniciativa, alerta Ban Ki-moon. Na cimeira de 2005 do G8, os sete países mais industrializados do mundo e a Rússia comprometeram-se a duplicar a ajuda a África até 2010. Contudo, a ajuda total diminuiu 5,1% entre 2005 e 2006, e só cinco países alcançaram ou excederam a meta da ONU de afectar 0,7% do PIB à ajuda ao desenvolvimento.