No início do século XX era um local com uma vida industrial muito activa. Hoje, o Ginjal, em Almada, é uma zona “agreste e sombria”, descreve Pedro Januário, um dos quatro finalistas de Arquitectura da Universidade Lusíada do Porto que venceram o Concurso Universidades da Trienal de Arquitectura de Lisboa.

O concurso pedia propostas para a zona do estuário do Tejo. Carolina Carvalho, João Martins, Licínio Oliveira e Pedro Januário venceram com o projecto “Jangada de Pedra” relativo ao tema “Fábrica Desactivada no Ginjal/Almada”. O prémio foi entregue esta terça-feira, em Lisboa.

Os estudantes projectaram um espaço voltado para o Tejo numa antiga fábrica, hoje sem actividade. O projecto é constituído por duas partes: uma mais alta, que reúne uma série de actividades dispersas por Almada (infantário, centro cultural, anfiteatro, etc.); outra mais baixa, que concentra equipamentos novos, como uma escola de vela e um centro de investigação sobre o estuário do Tejo.

O objectivo dos criadores da “Jangada de Pedra” (título de uma obra de José Saramago) foi ligar a abandonada zona ribeirinha do estuário do Tejo à cidade, refere ao JPN Pedro Januário. O colega Licínio Oliveira acrescenta que a mais-valia do trabalho foi terem “assumido [o espaço] como vazio humano. Preenchê-lo com uma função era mais importante do que uma construção”.

Um projecto viável?

O projecto da Trienal de Universidades foi direccionado aos alunos finalistas de Arquitectura de universidades públicas e privadas. A organização, repartida pela trienal e pela Administração do Porto de Lisboa, recebeu 104 trabalhos de 16 universidades.

A trienal elegeu cinco locais com necessidade de revitalização da zona da Grande Lisboa para o projecto. Os alunos da Lusíada escolheram o Ginjal por ser uma área parecida com os terrenos com que costumam trabalham na universidade.

Quanto à viabilidade do projecto para uma futura concretização no terreno, as opiniões divergem. O professor João Paulo Delgado afirma que o projecto é viável. Também estudante Licínio Oliveira afirma que o projecto é executável em termos económicos e técnicos, mas a falta de vontade e passividade de quem tem poder dificulta a sua realização.

Já Pedro Januário refere que o projecto não é viável do ponto de vista financeiro, mas diz que pode ser reestruturado e aprofundado. “Estes projectos podiam ser desenvolvidos noutras zonas do país, como em Gaia”, sugere.