O tempo aperta nos últimos dias. Os organizadores da II Marcha LGBT do Porto dividem-se e passam tardes e noites em conferências, a afixar cartazes e a preparar surpresas. Gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e simpatizantes da causa marcham este sábado pelo Porto.

Em Outubro de 2006, começaram a organizar a marcha que terá por como lema “Queremos Igualdade, Exigimos Oportunidades”. Primeiro, vem o requerimento escrito para o Governo Civil; depois os patrocínios, as reuniões presidenciais, a elaboração de um manifesto e entrevistas à comunicação social.

No início do ano efectuaram um convite oficial a todos os movimentos LGBT ou não que podiam ter interesse em participar na organização da marcha. Fruto da experiência de alguns elementos da comissão, contactaram locais que sabiam, à partida, que estariam mais receptivos a apoiar o protesto. “Não é bater porta a porta, mas, às vezes, é quase”, revela Paula Antunes, da organização.

Cada associação ou colectivo delega num porta-voz a sua posição, mas também há participantes a título individual. Paula Antunes demonstra-se satisfeita com o facto de 50% dos colectivos que organizam a marcha não serem LGBT.

Não há certezas quanto ao número de participantes, mas há a esperança de chegar a três centenas, como aconteceu em 2006. Paula Antunes sublinha que “300 pessoas é um número bastante relevante para uma marcha LGBT em Portugal”, principalmente no Norte.

Divulgação pela Net

Variados assuntos são debatidos através duma “mailing list”. Uns meses antes da marcha, chegam a um milhar as mensagens recebidas. Os inscritos dão a sua opinião sobre o que deve mover a marcha e a comissão organizadora determina os principais focos de interesse. Na Web divulgam-se os eventos em “sites” como o OrgulhoPorto, o PortugalPride.org e o PortugalGay.pt.

Duas faces da marcha

“A marcha LGBT é primordialmente reivindicativa, mas não só: é uma celebração da diversidade, de visibilidade da comunidade”, afirma a activista. Em países como o Brasil, por exemplo, encaram a marcha do orgulho como uma celebração. Foi o que aconteceu no “Euro Pride”, realizado em Madrid, no passado dia 30.

A festa leva a que muitos apelidam as marchas de manifestações de “excentricidade”. “O objectivo é sermos inclusivos. Se dentro da própria marcha, não formos inclusivos, porque alguém se veste de forma ‘excêntrica’ – dentro daquilo que, obviamente, são as regras na nossa sociedade – então estamos a negar todo o propósito de uma marcha”, explica Paula Antunes.

Mais celeuma tem causado o termo “orgulho”. A organização da marcha considera que a palavra tem, hoje em dia, um carácter negativo. Não querem mostrar qualquer sentimento de superioridade nem de diferenciação; há, sim, uma afirmação de identidade contra o preconceito e a discriminação de que dizem ser alvo. “Orgulho por não escondermos aquilo que é uma parte de nós”, sintetiza.