O concurso público para a construção do novo edifício da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) deve ser aberto “em breve”, mas as obras não devem começar antes do final do ano, revelou ao JPN o reitor da UP. Marques dos Santos adiantou que o Ministério do Ensino Superior lhe comunicou que enviará “em breve” o despacho relativo ao concurso para apreciação por parte da universidade.

O novo edifício poderá estar assim concluído em 2010, já que se prevê que o tempo de construção seja de dois anos. A abertura do concurso público chegou a estar prevista para o início do ano, mas o Governo esperou pela aprovação do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) 2007-2013, explica Marques dos Santos.

As obras podem agora não arrancar este ano, apesar do PIDDAC 2007 ter contemplado 5,6 milhões de euros para as novas instalações.

Número “excessivo” de alunos

Este ano, a FMUP abriu mais 12 vagas (para maiores de 23 anos), que se somam às 240 que já tinha disponibilizado no ano passado. “252 alunos é, tendo em conta a capacidade da faculdade, excessivo”, refere, ao JPN, o director, Agostinho Marques.

Faltam recursos físicos (camas para os doentes, por exemplo) e humanos (médicos) para acompanhar o ensino dos alunos. A situação tem sido colmatada com a distribuição dos estudantes por vários outros hospitais na região, como Gaia, Matosinhos e Valongo.

A entrada de mais alunos para Medicina no Porto também preocupa Agostinho Marques como cidadão. “O país tem muitos médicos, cerca de 30 mil, e vai haver um período em que vão existir muitos reformados aos 50 anos. Estamos a produzir para a massificação”, critica.

Queixas dos alunos

Bruno Cerca, estudante do 5.º ano da FMUP, já teve que fazer uma cadeira no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos. Já Pedro Teiga, do 3.º ano, teve “que ir fazer exames a outras faculdades”.

As aulas teóricas são dadas nos anfiteatros da FMUP, cuja capacidade é insuficiente. “Se os alunos dos primeiros anos quiserem ir às aulas teóricas não têm lugar”, afirma Bruno Cerca. Já nas aulas práticas, faltam professores para acompanhar os alunos, situação que prejudica o rendimento dos estudantes, queixa-se o aluno, que recorda que a faculdade já teve que fechar corredores para aumentar o tamanho das salas e colocar mais alguns microscópios.

A falta de espaço das salas de aula, de estudo e da biblioteca, onde “existem poucos livros”, e de material escolar (como os cadáveres para as cadeiras de Anatomia e Anatomia Clínica) são aspectos que podem ser alterados na FMUP, aponta Pedro Teiga. Segundo o aluno, é o esforço dos professores, estudantes e funcionários que compensa as falhas do curso.